Mais de 90% do pessoal das ambulâncias não pode usar canetas de adrenalina

8 de Fevereiro 2022

Os técnicos de emergência médica lamentaram hoje que “mais de 90%” dos tripulantes de ambulâncias estejam impedidos de usar as canetas de adrenalina, medicamento que pode salvar a vida de quem sofre um choque anafilático.

A posição parte da Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica (ANTEM), na sequência da decisão de dar formação a professores e funcionários para que consigam reagir perante um caso de alergia alimentar na escola e de os estabelecimentos de ensino passarem a ter ‘kits’ de epinefrina (medicamento conhecido como “caneta de adrenalina”).

A ANTEM aplaude a iniciativa, que deverá arrancar no início do próximo ano letivo, mas alerta que a grande maioria que trabalha nas ambulâncias não pode ministrar esse medicamento.

“Afigura-se incompreensível o facto de mais de 90% dos intervenientes em Emergência Médica Pré-Hospitalar (tripulantes de ambulância) não estarem habilitados ao recurso deste simples dispositivo, nem se encontram autorizados à administração do referido fármaco – que salva-vidas e que deve ser usado com a maior celeridade possível, após devida avaliação. É nestas situações que a epinefrina pode salvar uma vida”, critica a ANTEM em comunicado enviado para a Lusa.

A associação aplaude, no entanto, a decisão conhecida na segunda-feira de dar formação e material às escolas.

As “canetas de adrenalina”, com o nome técnico de “EpiPen”, são importantes no tratamento do choque anafilático, que fica “facilitado com o recurso a um equipamento pré-doseado, capaz de auto-injetar a substância no músculo do paciente”, refere a ANTEM.

As medidas anunciadas pelo Ministério da Educação têm por base o regulamento “Alergia Alimentar na Escola”, publicado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

O plano prevê que no início do próximo ano letivo seja dada formação a todos os funcionários das escolas onde existem alunos diagnosticados com alergias alimentares, mas também a todos os que trabalham em estabelecimentos de ensino com mais de mil estudantes, mesmo que não haja casos identificados.

A formação sobre alergias alimentares tem como objetivo “saber prevenir, reconhecer e atuar perante uma situação de reação anafilática”.

O regulamento da DGS prevê ainda que as escolas passem a dispor de stocks de auto-injetores de adrenalina (as chamadas “canetas de adrenalina”).

LUSA/HN

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