Diretor da OMS reuniu-se com responsável da saúde do governo talibã

9 de Fevereiro 2022

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, reuniu-se esta quarta-feira com o responsável pela Saúde no governo talibã do Afeganistão para falar sobre as necessidades mais urgentes da população a este nível.

O encontro realizou-se em Genebra, onde uma delegação de funcionários talibãs está atualmente a receber formação sobre o respeito pelas normas e princípios humanitários, a convite de uma organização não-governamental (ONG) suíça dedicada a promover o respeito pela população civil por parte dos grupos armados.

Ghebreyesus e Qalandar Ebad falaram sobre o que é necessário para que os centros de saúde primários continuem a trabalhar, como reforçar o sistema de saúde, a preparação para emergências e a formação de pessoal, em relação à qual a OMS considera que as mulheres têm um papel central.

Esta é a segunda vez que o diretor da OMS se reúne com Ebad, depois de um primeiro encontro em Cabul, em setembro de 2021, durante uma missão oficial ao Afeganistão após o regresso ao poder dos talibãs, em agosto.

“Para o Afeganistão é urgente receber testes de diagnóstico para detetar a covid-19 e particularmente a [variante] Ómicron à medida que o número de casos aumenta. A OMS está a apoiar a resposta à covid-19 e com os nossos parceiros estamos também a manter os esforços em relação à poliomielite e à vacinação contra o sarampo”, indicou Tedros Ghebreyesus, na rede social Twitter.

Outro dos temas abordados foi a educação das raparigas, particularmente em termos de ensino superior, e o apoio para que as mulheres se integrem na força de trabalho no setor da saúde.

“A OMS apela à comunidade internacional a continuar o diálogo para apoiar o povo afegão, para que juntos possamos melhorar a sua saúde e bem-estar”, adiantou.

De acordo com os números atualizados das Nações Unidas, 24,4 milhões de afegãos (mais de metade da população) necessitam de ajuda humanitária, uma vez que a fome aumentou devido à grave seca que afeta o território, à pandemia e à instabilidade.

Por outro lado, apenas cinco hospitais no Afeganistão oferecem tratamento contra a Covid-19, já que outros 33 foram forçados a fechar nos últimos meses devido à falta de médicos, medicamentos e aquecimento.

No único hospital que trata o vírus em Cabul, os profissionais de saúde só podem aquecer o edifício durante a noite devido à falta de combustível, mesmo quando as temperaturas descem abaixo dos zero graus celsius durante o dia, com os pacientes embrulhados em pesados cobertores.

O diretor deste Hospital de Doenças Transmissíveis, Mohammed Gul Liwal, disse precisar de tudo, desde oxigénio a medicamentos, já que a ala dedicada a pacientes de Covid-19 está quase sempre cheia, com admissões diárias de 10 a 12 doentes.

O sistema de saúde do Afeganistão sobreviveu durante quase duas décadas quase inteiramente com o financiamento de doadores internacionais.

Além disso, a economia do país caiu após a chegada ao poder dos talibãs. Quase 10 mil milhões de euros em ativos no estrangeiro foram congelados e a ajuda financeira ao governo foi interrompida em grande parte.

LUSA/HN

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