Seca severa cresce no sul de Moçambique, ciclones devastam centro e norte

24 de Março 2022

Uma seca severa está a crescer no sul de Moçambique com consequências na agricultura, alertou um relatório do Programa Alimentar Mundial (PAM) com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) moçambicano.

O cenário contrasta com a situação no centro e norte do país, onde ciclones têm devastado campos e as já de si débeis infraestruturas do país, agravando a situação de pobreza da população e as necessidades humanitárias.

A água que causa prejuízos no norte, faz falta no sul.

“Ao longo de fevereiro, as condições de seca severa desenvolveram-se no sul do país (de Maputo até Sofala e Manica, no centro)”, de acordo com o documento consultado pela Lusa.

O relatório previa a prevalência da seca em março, o que se verificou, sendo que o país entra a partir de abril na que é, naturalmente, a época mais seca, sem chuvas relevantes até outubro, pelo que não se vislumbram melhorias.

A seca faz esperar “graves impactos na produção de culturas para as províncias de Maputo, Gaza, Inhambane, Manica e Sofala”, alertou o documento.

Qualquer retração na atividade agrícola em Moçambique tem potencial para provocar insegurança alimentar, dado que a maior parte da população vive daquilo que planta.

Este cenário de seca já tinha começado em 2021 e até ameaçou o norte e o centro do país.

“A primeira parte da temporada 2021/22” da época das chuvas foi o período “mais seco ou o segundo mais seco desde 1981”, consoante as regiões.

Só que enquanto a chuva, que caiu a partir de janeiro, permitiu às culturas recuperarem nas zonas do país mais acima, ou pelo menos nas áreas que escaparam à fúria da tempestade Ana e do ciclone Gombe, no sul isso não aconteceu.

“O cenário mais provável é o de impactos severos na produção de milho, conduzindo a insuficiência nas culturas e a uma produção mínima em muitas áreas”, concluiu.

De acordo com os dados do PAM, 80% da população moçambicana, que ascende a 30 milhões de habitantes, não consegue comprar comida para ter uma alimentação adequada. Um total de 42% das crianças estão subnutridas.

A insegurança alimentar, ou seja, não saber quando será a próxima refeição, nem como a obter, afeta 24% das famílias moçambicanas de forma crónica e 25% passa pela situação pelo menos uma vez por ano.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Candidatura de Ana Sofia Lopes à Ordem dos Médicos Dentistas entrega contestação para o CDD

A candidatura encabeçada por Ana Sofia Lopes à Ordem dos Médicos Dentistas após detalhada análise e apreciação jurídica de todo o processo eleitoral, e tendo constatado um elevado número de incongruências e aparentes irregularidades entre o modo como foram apreciadas e aceites as diversas listas, resolveu entregar no dia 11 de maio, dentro dos prazos legais, uma contestação para o CDD com o objetivo de obter uma decisão que reponha a legalidade dos factos, segundo comunicado enviado para a redação da HealthNews.

Greve dos enfermeiros com adesão global de 76,8%

A greve de sexta-feira dos enfermeiros registou uma adesão global de 76,8%, um valor que demonstra o “descontentamento que existe de norte a sul do país” nesses profissionais de saúde, anunciou o sindicato que convocou a paralisação.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights