“Forte impacto” na afluência às urgências pediátricas do Porto nas últimas semanas

31 de Março 2022

A afluência às urgências pediátricas do Porto sofreu, nas últimas semanas, um “forte impacto”, disseram esta quinta-feira os responsáveis dos dois principais hospitais da cidade, que, além de uma reflexão sobre o modelo de acesso, pedem mais precaução aos pais.

“Tivemos, nas últimas semanas, um grande incremento do vírus Influenza que é responsável pela gripe. O vírus responsável pela covid-19 está numa percentagem baixa, mas continua a circular. Em alguns dias estamos a falar [de uma afluência] de quase mais 100 crianças por dia”, disse à agência Lusa o diretor da Urgência e Medicina Intensiva Pediátrica do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), Ruben Rocha.

Também o diretor do Centro Materno Infantil do Norte (CMIN), Caldas Afonso, contou que esta estrutura, que pertence ao Centro Hospitalar Universitário do Porto (CHUP), só na segunda-feira acolheu o dobro de crianças na urgência face a períodos homólogos anteriores.

Nesse dia, o CMIN acolheu entre 145 a 150 crianças, um número que corresponde ao “dobro da média anual”, disse o diretor, para quem esta afluência “atípica para o mês março” só encontra paralelo nos meses de janeiro e fevereiro do período pré-Covid-19.

Já o Hospital de São João atendeu 368 crianças no mesmo dia, quando num dia comum de inverno pré-pandémico o habitual seriam 260 a 280.

Os especialistas falam da pressão do vírus Influenza que causa infeções respiratórias virais e sintomas de febre, coriza (corrimento nasal), tosse, cefaleia e mal-estar e que, entre outras doenças, está associada à gripe A, e ambos aproveitam para deixar alertas e pedidos aos pais.

“É normal que tenhamos aumento nesta época do ano que é quando as medidas [de restrição associadas à pandemia da Covid-19] se abriram e o contacto social também. É importante que se não se abandone de imediato as medidas de proteção e que se aproveite o que de bom a pandemia ensinou”, referiu Caldas Afonso.

O diretor do CMIN analisou que “crianças que nos dois anos da pandemia estiveram em casa não foram sujeitas ao estímulo imunológico do quotidiano”, logo estavam “virgens de contacto com determinados vírus”, mas agora começaram a frequentar os infantários e creches onde partilham brinquedos.

O CMIN fez alterações aos circuitos para reduzir o tempo de espera e os contactos, bem como decidiu alargar o serviço domiciliário para reduzir o recurso ao internamento.

Já Ruben Rocha, do São João, além de um apelo à manutenção da etiqueta respiratória, sublinhou que a urgência é “o último recurso”, e que nesse serviço circulam vários vírus de várias naturezas, bem como toda a situação grave da região Norte.

“Uma medida importante é quando pais têm as crianças doentes – e claro têm que resolver a sua situação, estando fora de questão não terem resposta – passem numa primeira fase pelo contacto com o SNS24 ou os cuidados de saúde primários, sem recorrer de imediato à urgência”, concluiu.

LUSA/HN

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