ECDC conta publicar esta semana avaliação de risco de casos de hepatite aguda em crianças

26 de Abril 2022

O Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) está a monitorizar os casos notificados em vários países de hepatite aguda de origem desconhecida em crianças e conta publicar na quinta-feira uma avaliação rápida de risco.

Numa conferência de imprensa durante a qual forneceu uma atualização sobre os últimos desenvolvimentos em matéria de doenças infeciosas na União Europeia, a diretora do ECDC, Andrea Ammon começou precisamente por abordar os recentes casos de “hepatite aguda de origem desconhecida em crianças até então saudáveis”.

Apontando que “o Reino Unido foi o primeiro país a lançar um alerta, no início de abril, tendo desde então reportado mais de 100 casos”, e que, “depois desse alerta, mais países têm relatado casos, entre os quais 10 países da UE, mas também Israel e Estados Unidos”, Ammon sublinhou que muitos dos casos foram de hepatite grave e vários evoluíram para insuficiência hepática aguda, que exigiram transplantes de fígado, “o que mostra bem a gravidade da condição”.

“As investigações prosseguem em todos os países, mas, de momento, a causa desta hepatite permanece desconhecida. A hepatite habitual, de A a E, está excluída, e as autoridades nacionais de saúde estão a olhar para possíveis causas”, disse, escusando-se a especular sobre a origem destes casos até haver mais dados.

Andrea Ammon disse então que o ECDC está a monitorizar a situação, em articulação com os países que já reportaram casos e com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

“Estamos a trabalhar numa avaliação rápida de risco, que esperamos publicar na quinta-feira”, anunciou.

No domingo, a OMS anunciou que uma criança morreu vítima do misterioso surto de doença hepáticas que está a afetar crianças na Europa e nos Estados Unidos, sem revelar em que país ocorreu a morte.

A agência de saúde das Nações Unidas disse no sábado que recebeu até agora relatos de pelo menos 169 casos de “hepatite aguda de origem desconhecida” de uma dezena de países e foi reportada, pelo menos, uma morte.

Os casos foram relatados em crianças com idades entre um mês e os 16 anos, segundo a agência de notícias AP, adiantando que 17 das que adoeceram necessitaram de transplantes hepáticos.

Os primeiros casos foram detetados no Reino Unido, onde 114 crianças ficaram doentes.

Os especialistas dizem que os casos podem estar ligados a um vírus geralmente associado a constipações (adenovírus), mas estão em curso investigações.

“Embora o adenovírus seja uma hipótese possível, estão em curso investigações para o agente causal”, refere a OMS, notando que o vírus foi detetado em pelo menos 74 dos casos.

O surto “de origem desconhecido”, que foi anunciado pela OMS a 15 de abril, causa inflamação do fígado e “em muitos casos”, sintomas gastrointestinais como dores abdominais, diarreia e vómitos, e elevação das enzimas do fígado.

A OMS apurou ainda casos em Espanha (13), Israel (12), Estados Unidos (nove), Dinamarca (seis), Irlanda (cinco), Países Baixos (quatro), Noruega (dois), França (dois), Roménia (um) e Bélgica (um).

A OMS não recomenda qualquer restrição nas viagens ou trocas comerciais com o Reino Unido ou qualquer outro dos países onde estão a ser registados casos deste surto de hepatite aguda.

LUSA/HN

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