EUA teve em 2020 maior taxa de homicídios por arma de fogo dos últimos 25 anos

11 de Maio 2022

Os homicídios por arma de fogo nos EUA atingiram o nível mais alto dos últimos 25 anos durante o primeiro ano da pandemia, verificados sobretudo em zonas com maiores níveis de pobreza, revela um relatório publicado esta quarta-feira.

Cerca de 79% dos homicídios e 53% dos suicídios nos EUA envolveram armas de fogo em 2020, de acordo com o relatório do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) norte-americano.

Em 2020 verificaram-se 19.350 homicídios com armas de fogo nos EUA, 34,6% mais do que em 2019 e no nível mais elevado desde 1994, com os maiores aumentos a ocorrer entre homens negros de 10 a 44 anos e homens nativos americanos ou nativos do Alasca com idades entre 25 e 44 anos.

“A taxa de homicídios por arma de fogo entre homens negros de 10 a 24 anos foi 20,6 vezes maior do que a taxa entre homens brancos da mesma idade em 2019, e essa proporção aumentou para 21,6 em 2020”, diz o relatório.

Os aumentos maiores foram observados em locais com níveis mais altos de pobreza, com os municípios com níveis mais elevados de pobreza em 2020 a registarem taxas de homicídio e suicídio por arma de fogo que foram 4,5 e 1,3 vezes maiores, respetivamente, do que as verificadas nos municípios com os níveis mais baixos de pobreza.

As feridas por armas de fogo são consideradas, “tragicamente, um grave problema de saúde pública nos EUA”, afirmou Debra Houry, diretora adjunta do CDC, durante uma conferência de imprensa.

O relatório sublinha que, durante a pandemia, “desigualdades sistémicas de longa data e racismo estrutural” limitaram as oportunidades económicas, habitacionais e educacionais, causando desigualdades e risco de violência.

Tom Simon, diretor associado e responsável pela Divisão de Prevenção da Violência do CDC, advertiu que a pobreza tem mais influência do que a etnia como fator que conduz às mortes por arma de fogo nos EUA, sejam homicídios ou suicídios, embora sejam as minorias raciais as que tendencialmente vivem nas zonas mais pobres do país.

O responsável sublinhou que o estudo não aprofunda as razões dos homicídios ou suicídios por arma de fogo em 2020, mas admitiu que, entre “as múltiplas explicações”, podem estar o stress e as alterações de trabalho devido à pandemia, o isolamento social, os problemas económicos ou a instabilidade doméstica.

Sem incluir dados, o documento indica ainda que a tendência ascendente de mortes por armas de fogo continuou a crescer em 2021, ano em que organizações indicam também um número de mortes superiores aos de 2020: o The Gun Violence Archive, por exemplo, revelou a morte de 20.600 pessoas por arma de fogo no ano passado.

O estudo ressalta “a importância de estratégias abrangentes” para parar coma violência, nomeadamente políticas que melhorem a estabilidade económica e familiar, como subsídios para creches e assistência habitacional, e programas comunitários.

LUSA/HN

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