Ventura questiona PM se mantém confiança em Temido, Costa diz que avalia governantes “pelo trabalho”

23 de Junho 2022

O presidente do Chega, André Ventura, questionou esta quarta-feira o primeiro-ministro sobre a continuidade de Marta Temido no cargo de ministra da Saúde, com Costa a responder que avalia os membros do governo pelo trabalho que realizam.

No primeiro debate sobre política geral da legislatura, na Assembleia da República, o deputado do partido de extrema-direita considerou que a situação que se tem vivido nos hospitais com os constrangimentos na urgências de ginecologia e obstetrícia de vários pontos do país “é o resultado do desastre” da gestão do executivo e apontou “as urgências paradas e as viaturas de emergência paradas”.

“A ideia de que isto é tudo culpa do covid, que é culpa do Passos Coelho, que é culpa do Cavaco Silva, que é culpa da guerra ou do Putin não lhe fica muito bem”, criticou, apontando que a “mortalidade não covid subiu 30% em junho”.

“Vou-lhe perguntar se pode manter confiança nesta ministra da Saúde quando a saúde está um caos e o senhor primeiro-ministro mais não faz que falar de história aos portugueses”, afirmou.

André Ventura questionou ainda, repetidas vezes, o primeiro-ministro, se viu na sexta-feira o debate de urgência requerido pelo Chega sobre os problemas nos hospitais, considerando que a ministra da Saúde, “chamada a dar respostas a este parlamento, não disse absolutamente nada”.

Numa primeira resposta, o primeiro-ministro acabou por não responder a Ventura, alegando que o deputado do Chega “repetiu a pergunta” feita momentos antes pelo líder parlamentar do PSD e que “seria indelicado para com a câmara estar a consumir tempo para voltar a dar a repetir a resposta” que deu a Paulo Mota Pinto, nomeadamente que “só há uma pessoa que escolhe os membros do Governo” e que assume a responsabilidade “por tudo o que fazem os membros do Governo” por si escolhidos.

Depois, perante a insistência do deputado do Chega que queria saber se o primeiro-ministro “ficou satisfeito com as respostas” dadas por Marta Temido, Costa respondeu: “Eu não convido os membros do Governo para os avaliar em função do que eles respondem à Assembleia da República, mas pelo trabalho que realizam”.

A interpelação do Chega ao primeiro-ministro ficou marcada por momentos tensos em que os dois iam trocando intervenções de pouco segundos cada.

Depois de André Ventura ter perguntado várias vezes ao primeiro-ministro se viu o debate, António Costa respondeu negativamente.

“Se não estivesse tão exaltado e tão preocupado em abrir os telejornais e naqueles números que adora fazer para as televisões, teria reparado que na sexta-feira passada estive todo o dia a ouvir os diferentes grupos parlamentares, incluindo o seu, sobre a questão da adesão da Ucrânia [à União Europeia]. E não tenho o dom de estar a falar simultaneamente com as pessoas, a ouvir as pessoas, e a seguir os debates parlamentares através da televisão”, justificou.

As intervenções de poucos segundos com insistências de Ventura e respostas cirúrgicas do primeiro-ministro repetiram-se em relação a outros temas e no final da sua intervenção, o líder do Chega acusou António Costa de um “brutal desrespeito” pelo parlamento e de a maioria absoluta do PS se ter “tornado numa prepotência absoluta”.

LUSA/HN

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