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COVID-19-infecção e COVID-19-doença
A actual situação pandémica vai revelando um estranho “equilíbrio” entre o Coronavírus SARS-CoV-2 e a Comunidade, e o outono e o inverno estão mesmo quase aí. Claro que quanto menos casos nesta (e qualquer outra!) fase, melhor. Nos casos concretos de COVID-19-doença a nossa resposta em Portugal vai sendo, afortunadamente, cada vez mais eficaz, com, também cada vez mais, melhores respostas de testagem e de controlo dos casos de doença e dos seus contactos e com um aperfeiçoamento gradual do sistema de gestão do risco (que mantém ainda algumas repetições, presume-se em consequência da dificuldade de comunicação entre algumas plataformas de gestão de informação). A pressão sobre o SNS também se mantém controlada.
A actividade económica vai voltando “muito devagar” à sua vitalidade mais habitual e Lisboa e Vale do Tejo, também lentamente, vai gerindo melhor a percentagem relativa de novos casos que revelam uma tendência decrescente, ainda que com alguns pequenos “picos” que se podem relacionar, eventualmente, apenas com o referido sistema de gestão da informação. Tal significará, para além de possíveis aspectos específicos das partículas virais, que o distanciamento físico, na actual aproximação social, de que a época estival com praias é um bom exemplo, é uma boa “arma” de gestão do risco, não menosprezando, por exemplo, o uso de máscara ou outras formas de prevenção.
A época mais fria que se aproxima acumula, pelo menos, dois riscos adicionais: (i) as condições meteorológicas são mais “simpáticas” para o vírus, como já se conhece de outros coronavírus e de outros vírus mais ligados à sazonalidade e (ii) o convite à utilização de espaços fechados como, por exemplo, o início do ano escolar determina ou, também, o aumento da utilização desses espaços em consequência das condições meteorológicas.
Acresce a circunstância do entrelaçamento excessivo entre as políticas e as estratégias de acção (“policies”) estar a dar maus resultados que são bem evidentes em momentos de tensão a que temos assistido, por exemplo com alguns profissionais de saúde, agora, aparentemente, “amaciados”, mas sempre em conflituosidade latente. As “palmas” terão sido trocadas por “palmadas”?
Também surgirão aspectos positivos como é o exemplo do menor desconforto previsível da utilização de máscaras cirúrgicas ou “sociais”, decorrentes da alteração previsível das condições térmicas, incluindo a humidade e a velocidade do ar que as estações mais frias por certo determinarão.
Também outra coisa parece certa, a utilização copiosa de máscara, quiçá também em (todos ou alguns) espaços públicos exteriores – que parece não se ter nada a perder – poderá sem dúvida, pelo menos teoricamente, ter vantagens.
A questão menos controlada são os casos de COVID-19-infecção que, no essencial só são identificados quando, por qualquer circunstância, se rastreia um determinado conjunto de pessoas (uma escola; um lar; um acto religioso; uma festa; …) ou em actividades específicas como o transporte aéreo ou os jogadores de futebol, por exemplo. E esse é, salvo uma melhor opinião, o busílis das actuais estratégias de acção, resolúvel, pelo menos em parte, com acções radicais de confinamento (que não se querem repetir) ou com o “empoderamento” dos cidadãos em proteger os outros. O uso da máscara é um bom exemplo, mas o afastamento físico é ainda outro melhor exemplo.
Pressupõe-se então que, na actual evolução pandémica, o foco se centre mais na protecção dos outros do que na protecção individual, porque se todos protegermos os outros ficamos, de facto, protegidos individualmente!! Uma boa maneira de começar a investir nessa estratégia é começar a chamar à máscara EPO (equipamento de protecção do outro), em vez de EPI (equipamento de protecção individual) como já anteriormente foi por nós referido. É um bom exemplo de um acto de cidadania a que também se tem chamado, algumas vezes, sermos todos “Agentes de Saúde Pública”.
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