Estas críticas de Catarina Martins ao Governo foram feitas durante uma concentração de médicos de medicina geral e familiar em frente ao Ministério da Saúde, em protesto contra a medida do Governo que permite a contratação de médicos sem especialidade para os centros de saúde.
“Os médicos de família estão sujeitos a tarefas burocráticas inacreditáveis e inúteis, não têm progressão na carreira e não dispõem de condições suficientes objetivas nos seus centros de saúde. Têm toda a razão para dizer que não aguentam mais. Agora, o Ministério da Saúde propõe-lhes que médicos sem especialidade possam trabalhar ao seu lado e a ganhar mais que eles estão a ganhar”, afirmou a coordenadora do Bloco de Esquerda.
De acordo com Catarina Martins, o Governo não tem qualquer estratégia para o SNS, procurando antes “remendos”, muitos dos quais “sem qualquer sentido”.
“É preciso descongelar as progressões nas carreiras e premiar quem se quer dedicar em exclusividade ao SNS. Esse é o caminho fundamental e que o Governo recusado”, contrapôs.
A coordenadora do Bloco de Esquerda considerou mesmo que o SNS “está a caminhar para uma situação impossível, enquanto o Governo diz que vai resolver com mais um concurso, ou com mais um incentivo aqui ou ali, mas nunca fazendo nada” em termos de medidas de fundo.
“No último concurso para médicos de família, mais de um terço das vagas ficaram vazias. Em Lisboa e Vale do Tejo, onde faltam mais médicos de família, mais de metade das vagas ficaram vazias”, assinalou.
Nas suas declarações aos jornalistas, a coordenadora do Bloco de Esquerda referiu “a carga terrível” a que foram sujeitos os médicos de família durante a pandemia da Covid-19.
“O pior deste Governo é continuar a dizer que está tudo bem no SNS. As soluções de remendo provam todos os anos que são insuficientes, erradas e que só criam mais problemas”, acentuou, antes de recusar a via de uma contratualização de profissionais de saúde com os setores privado e social da saúde.
“A solução é criar condições de fixação dos profissionais no SNS e não contratualizar com misericórdias e com os privados. Mas qual a razão para os utentes andarem numa correria, de um lado para o outro, e não têm o seu médico de família com as condições necessárias para os acompanharem? Garantamos cada vez mais dinheiro para que os utentes terem cada vez menos condições”, reagiu.
Catarina Martins afirmou depois que há empresas “a ganharem milhões” com essas contratualizações, desde logo as empresas de prestadores de serviços, “que estão instaladas por todo o SNS”.
“Este é um caminho absolutamente irresponsável. Tenho a certeza de que o Governo é conivente com isto. Aquilo que gastamos a mais ano após ano em contratações de prestações de serviços, com remendos, dava para tratar bem quem trabalha no SNS. O Governo diz que quer poupar, mas está a gastar milhões com negócios de empresas prestadoras de serviços”, acrescentou.
LUSA/HN
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