Na imagem: Gunnar C. Hansson e Brendan Dolan, Academia Sahlgrenska da Universidade de Gotemburgo
Investigadores da Universidade de Gotemburgo estudam há mais de 30 anos o muco envolvido na defesa dos intestinos e das vias respiratórias contra infeções. Até à data, o seu trabalho tem-se concentrado essencialmente no intestino grosso, mas num novo estudo, publicado na revista Science Signaling, mostram agora, pela primeira vez, como este muco protege normalmente as criptas (invaginações) do intestino delgado.
O estudo foi realizado em amostras de tecido de ratos e em células cultivadas. Incluiu o mapeamento de vários mecanismos moleculares e processos celulares que servem como importantes meios de defesa das criptas do intestino delgado.
Na mucosa do intestino delgado há pequenas invaginações – criptas – onde “células do intestino delgado” e outras células intestinais especializadas, trabalham em conjunto para expelir as bactérias, impedindo assim que estas se estabeleçam e invadam as células.
“O nosso estudo mostra que as bactérias são eliminadas destas criptas por células de dois tipos que trabalham em conjunto. Juntas, provocam a formação de um tampão de muco a partir do muco que se segrega das células da taça e do fluido fornecido pelas células adjacentes. As bactérias são lavadas nas criptas quando o tampão é empurrado para fora”.
A afirmação é de Brendan Dolan, pós-doutorando de Dublin, Irlanda na Academia Sahlgrenska da Universidade de Gotemburgo. Utilizando um microscópio avançado, Dolan conseguiu também filmar, a nível celular, a secreção de muco na mucosa do intestino delgado.
O estudo revela também um mecanismo anteriormente desconhecido, pelo qual o muco “embalado” que se formou no interior das células se expande no interior da célula antes de ser libertado. Este muco é armazenado em pequenas vesículas dentro das células do intestino delgado e, quando as vesículas se rompem dentro das células e as enchem com o muco, as células esvaziam vigorosa e rapidamente o seu conteúdo.
A descoberta é relevante para a doença de Crohn, uma doença gastrointestinal crónica, uma vez que a sua inflamação afeta, em particular, o intestino delgado. Até 30.000 suecos vivem com a doença de Crohn.
“É uma doença crónica que não tem cura no presente. Já sabemos há algum tempo que a doença começa com a entrada de bactérias nas criptas intestinais e com a invasão das células. Se conseguirmos compreender os mecanismos de como as bactérias são normalmente eliminadas, seremos capazes de desenvolver novas terapias para evitar recaídas na doença de Crohn”, diz Gunnar C Hansson, autor correspondente do estudo.
Vídeo 1 AQUI: mostra uma célula taça com um pequeno grânulo verde com muco que primeiro se rompe dentro da célula, o muco preenche a parte superior da célula, seguido de libertação de muco da célula.
Vídio 2 AQUI: mostra uma célula taça com um pequeno grânulo verde com muco que primeiro se rompe dentro da célula, o muco preenche a parte superior da célula, seguido de libertação de muco da célula.
https://www.gu.se/en/news/how-the-small-intestine-defends-itself-against-bacteria
NR/HN/Alphagalileo
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