ERS alerta prestadores de saúde para obrigação de envio de queixas dos utentes

7 de Outubro 2022

A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) constatou que prestadores de cuidados estão registados no Portal da Queixa, mas não enviam ao regulador o conteúdo integral das reclamações dos utentes, conforme estão legalmente obrigados.

Esta situação levou a ERS a emitir hoje um alerta de supervisão dirigido a todos os prestadores de cuidados de saúde dos setores público, privado, cooperativo e social, que inclui também uma chamada de atenção para o cumprimento do regime jurídico das práticas de publicidade em saúde.

“A ERS constatou que alguns prestadores optaram por se registar naquele portal e aí gerir a sua marca, não assegurando, porém, o envio à ERS do conteúdo integral das reclamações a que tiveram acesso após se registarem naquela plataforma” digital, adiantou a entidade.

De acordo com a ERS, um elevado número de reclamações efetuadas no Portal da Queixa é referente a prestadores de cuidados de saúde sujeitos à supervisão e regulação.

O regulador verificou ainda que existem “mensagens publicitárias veiculadas na plataforma digital”, concretamente nos perfis dos prestadores de cuidados de saúde aí registados, que se enquadram-se no conceito de “prática de publicidade em saúde” que está sujeito a um regime jurídico específico.

No alerta, a ERS recorda que os estabelecimentos que prestam cuidados de saúde têm a obrigação de submeterem, no prazo de 10 dias úteis, a cópia das reclamações e queixas dos utentes, bem como a informação sobre o seguimento que tenham dado às mesmas.

Desde 2015 os estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde sujeitos à regulação da ERS estão obrigados a proceder à sua inscrição no Sistema de Gestão de Reclamações (SGREC), uma plataforma digital disponibilizada para operacionalizar a submissão obrigatória de reclamações, elogios e sugestões dos utentes.

A entidade salienta que apenas a análise de todas as reclamações permite à ERS uma “melhor aferição de eventuais pontos fracos do sistema de saúde, a deteção de potenciais constrangimentos aos direitos e interesses legítimos dos utentes e a identificação das áreas que poderão exigir uma atuação regulatória mais aprofundada”.

Quanto à publicidade capaz de influenciar a vontade dos utentes na escolha e decisão de contratação de serviços de saúde, a ERS alerta que qualquer mensagem publicitária no Portal da Queixa deve dar “integral cumprimento aos princípios e regras estabelecidos no regime jurídico” sobre esta matéria.

Nesse sentido, os prestadores de cuidados de saúde devem garantir que a mensagem publicitária alusiva a serviços de saúde por si prestados contém a identificação do prestador responsável de forma completa e exata.

Além disso, deve ser assegurado que a publicidade não induz em erro os potenciais utentes, nem prejudique eventuais prestadores concorrentes, assim como não fomente a procura ou a realização de atos de saúde desnecessários.

A ERS adianta também que os prestadores devem garantir e incentivar a apresentação de reclamações, elogios e sugestões no livro de reclamações – em formato físico ou eletrónico -, ou através do formulário de reclamação `online´ disponibilizado pela entidade reguladora no seu `site´.

“Os prestadores devem ainda clarificar, junto dos utentes, que a utilização de plataformas digitais distintas (como por exemplo o Portal da Queixa) não garante que as reclamações, elogios e sugestões venham a ser tramitadas nos termos da lei, quer por parte do prestador, quer por parte da ERS, visto que o seu conteúdo integral poderá não chegar ao seu conhecimento”, alerta a entidade reguladora.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Reformas na Saúde Pública: Desafios e Oportunidades Pós-Pandemia

O Professor André Peralta, Subdiretor Geral da Saúde, discursou na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde sobre as reformas necessárias na saúde pública portuguesa e europeia após a pandemia de COVID-19. Destacou a importância de aproveitar o momento pós-crise para implementar mudanças graduais, a necessidade de alinhamento com as reformas europeias e os desafios enfrentados pela Direção-Geral da Saúde.

Via Verde para Necessidades de Saúde Especiais: Inovação na Saúde Escolar

Um dos projetos apresentado hoje a concurso na 17ª Edição do Prémio Boas Práticas em Saúde, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar, foi o projeto Via Verde – Necessidades de Saúde Especiais (VVNSE), desenvolvido por Sérgio Sousa, Gestor Local do Programa de Saúde Escolar da ULS de Matosinhos e que surge como uma resposta inovadora aos desafios enfrentados na gestão e acompanhamento de alunos com necessidades de saúde especiais (NSE) no contexto escolar

Projeto Utente 360”: Revolução Digital na Saúde da Madeira

O Dr. Tiago Silva, Responsável da Unidade de Sistemas de Informação e Ciência de Dados do SESARAM, apresentou o inovador Projeto Utente 360” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas , uma iniciativa da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar (APDH). Uma ideia revolucionária que visa integrar e otimizar a gestão de informações de saúde na Região Autónoma da Madeira, promovendo uma assistência médica mais eficiente e personalizada

MAIS LIDAS

Share This