Institutos do Porto desenvolvem ferramentas para monitorizar doenças cardiovasculares

21 de Outubro 2022

Dois institutos de investigação do Porto integram um projeto europeu que, financiado em sete milhões de euros, visa desenvolver e testar ferramentas tecnológicas para a prevenção, diagnóstico e monitorização de doenças cardiovasculares, foi esta sexta-feira revelado.

Em comunicado, o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) revela que, juntamente com o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), integra o projeto europeu “CARE-IN-HEALTH”.

O projeto, financiado em sete milhões de euros pelo programa Horizonte Europa da Comissão Europeia, visa, nos próximos cinco anos, desenvolver e testar ferramentas tecnológicas para a prevenção, diagnóstico e monitorização de doenças cardiovasculares.

Coordenado pelo Institut National De La Sante Et De La Recherche Medicale, em França, o projeto, que envolve 10 parceiros europeus, foca-se numa das principais causas de morte e morbilidade a nível mundial, as doenças cardiovasculares.

Na Europa, as doenças cardiovasculares são responsáveis por 1,9 milhões de mortes por ano, estimando-se que os custos associados ao tratamento rondem os 200 mil milhões de euros.

Citados no comunicado, os investigadores dos dois institutos salientam que este é “um problema de saúde pública que tem sido muito difícil de controlar e, principalmente, de prevenir, não só devido aos hábitos de vida pouco saudáveis, mas também porque as terapias de redução de risco cardiovascular comprometem seriamente o sistema imunitário”.

Nesse sentido, o projeto vai desenvolver novas estratégias de prevenção baseadas na redução da inflamação crónica, desencadeada por níveis elevados de lípidos no sangue e que aumenta o risco de diversas doenças, tais como o enfarte do miocárdio e o acidente vascular cerebral (AVC).

No âmbito do projeto, a equipa do i3S receberá 788 mil euros para “desenvolver uma tecnologia portátil (CARE-IN-HEALTH BIOSSENSOR) para monitorizar a resolução da inflamação de forma minimamente invasiva (através de um pequeno volume de sangue)”, esclarece a investigadora e coordenadora do projeto no instituto da Universidade do Porto, Inês Mendes Pinto.

Por sua vez, os investigadores do INESC TEC vão receber 340 mil euros para apoiar a interligação do biossensor numa aplicação móvel e num sistema da ‘cloud’ com vista a monitorizar biomarcadores inflamatórios e integrar esta informação com outras parâmetros clínicos de forma a avaliar o risco de doença.

“Este projeto será uma excelente oportunidade para colocarmos o nosso conhecimento avançado em conceção e desenvolvimento de dispositivos médicos portáteis ao serviço de uma tecnologia de biossensores com um potencial de disrupção no futuro da gestão das doenças cardiovasculares”, salienta o investigador e coordenador da equipa do INESC TEC, João Paulo Cunha.

O CARE-IN-HEALTH integra ainda uma recolha de dados epidemiológicos e imunológicos que serão compilados numa plataforma que estará disponível tanto para a comunidade científica como para os profissionais de saúde.

Os dados vão permitir “identificar e validar as vias imunitárias críticas de um indivíduo”, através do uso de ferramentas de Inteligência Artificial e tradução clínica, bem como permitir desenhar um “modelo personalizado” para tratar a inflamação de cada cidadão.

“Para aplicar estas inovações será desenvolvido um sistema digital multicritérios de apoio à decisão médica para orientar os profissionais de saúde na conceção de estratégias personalizadas de prevenção da doença cardiovascular”, acrescenta o i3S.

As ferramentas desenvolvidas no decorrer do projeto, na qual se inclui o biossensor portátil, serão testadas em cenários reais, nomeadamente, em dois ensaios clínicos de prova de conceito no Instituto Karolinska, na Suécia.

LUSA/HN

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