“Do ponto de vista de um atleta de alto rendimento, a componente psicológica é absolutamente indispensável no treino, com uma componente médica, de fisioterapia, alimentação e psicologia. O psicólogo, aqui entendido como uma pessoa especializada nas áreas, deve ter uma relação de grande proximidade com quem conduz o processo de treino”, sublinhou, no discurso de abertura da sessão, na sede do COP, em Lisboa.
Organizada pela Comissão dos Atletas Olímpicos (CAO), a primeira de diversas ‘power talks’, com diferentes temáticas, que serão levadas a cabo nos próximos meses, tem a importância da saúde mental como foco, o que “nem sempre tem sido bem tratado”.
“Muitas vezes, mistura-se o apoio psicológico com o tratamento patológico que o alto rendimento suscita nos atletas. São coisas de natureza e de procedimento distintos”, alertou José Manuel Constantino, que lembrou ainda o papel fulcral dos treinadores.
A relação entre o psicólogo e o atleta “tem de ser balizada e mediada pelo treinador, que também ele necessita de apoio”, considerou o dirigente, que realçou que não são somente os atletas a entrar “em processos stressantes” durante treino e competição.
“É fácil passar umas horas no ginásio a mexer o corpo e a alterá-lo, mas não existe a mesma facilidade para fazer o mesmo com a mente. É indispensável ir ao ginásio, mas também estar com a cabeça aberta e limpa para tirar o máximo rendimento”, concluiu.
A presidente da CAO, Diana Gomes, disse que a saúde mental “trata-se de um projeto da comissão há uns anos e que, por um motivo ou outro, não se conseguiu emergir até hoje”, ao desenvolver-se o “enquadramento do atleta olímpico numa visão holística”.
“A CAO tem, na sua génese, a representação dos direitos e dos interesses de todos os atletas olímpicos. Neste mandato, percebi e senti que a voz dos atletas, a aparentar ser ténue e discreta, passou a ganhar relevância e valor positivo no desporto”, sublinhou.
O orador principal da ‘power talk’ foi o especialista belga Paul Wylleman, que trabalha com a equipa olímpica da Bélgica, é doutorado em psicologia e ainda professor na Vige Universiteit, em Bruxelas, desenvolvendo a atividade como investigador e profissional em psicologia do desporto, desenvolvimento de performance e apoio mental a atletas.
“O facto de Portugal estar a olhar para este tema é a melhor coisa que se pode fazer para aumentar o progresso. Portugal está no topo europeu no que concerne à saúde mental, apenas por fazer as perguntas corretas”, frisou Paul Wylleman, acrescentando: “Sem investir na saúde mental, não se dá aos atletas o que necessitam para competir”.
LUSA/HN
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