“Os indicadores continuam a melhorar, de uma forma lenta, mas segura – e isso é bom. Por vezes há indicadores que podem dar sinal de alarme, como a questão das roturas, mas acho que, fundamentalmente, o que o estudo mostra é que existem instrumentos e existe conhecimento que permitem transmitir confiança aos portugueses, quando utilizam os hospitais portugueses e quando têm acesso aos medicamentos distribuídos nesses hospitais”, disse Francisco Ramos sobre o estudo intercalar do “Índex Nacional de Acesso ao Medicamento”.
“Há naturalmente um caminho a fazer”, que, na opinião de Francisco Ramos, deve passar pelo desenvolvimento da consulta farmacêutica – “uma evidente mais-valia” –, ou seja, pelo “envolvimento dos farmacêuticos no acompanhamento clínico dos doentes que estão a ser tratados nos hospitais em Portugal”, e a avaliação dos resultados “também tem que ser maximizada”. Contudo, “o estudo mostra que têm sido feitos progressos”.
O Fórum do Medicamento é uma iniciativa da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, com o apoio da AstraZeneca, e que tem como objetivo promover uma reflexão sobre os modelos de acesso ao medicamento hospitalar a nível nacional e europeu, assente no tema “Value Based Healthcare na promoção de ganhos em saúde”.
Este ano, o fórum “dedica a sua maior atenção à metodologia de valorização dos cuidados de saúde, e isso é claramente importante”, comentou Francisco Ramos.
“É um longo trabalho que tem de ser feito. A metodologia aplicada está em desenvolvimento nalguns hospitais em Portugal, já com alguns casos concretos, com características que são claramente úteis, de envolvimento de profissionais – multidisciplinar e multiprofissional –, com o envolvimento obrigatório dos doentes e a transformação do percurso dos doentes, quer dentro do hospital, quer entre instituições. E, sobretudo, aquilo que é mais relevante é uma medição obrigatória quer dos recursos envolvidos, quer dos resultados obtidos”, continuou o professor associado convidado da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa.
O processo “é obrigatoriamente muito lento”, mas esta metodologia de trabalho “deixa marcas”. “Ou seja, o facto de ter que tornar as decisões explícitas, de ter que tornar transparentes os processos e ter que se demonstrar sempre a preocupação de saber o que aconteceu e de avaliarmos o que fizemos, isso deixa marcas e constitui instrumentos transformadores naquilo que fazemos”, explicou Francisco Ramos.
HN/Rita Antunes
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