LPCS preocupada com os diagnósticos tardios de VIH

30 de Novembro 2022

A Liga Portuguesa Contra a Sida (LPCS) manifestou preocupação com os diagnósticos tardios de VIH, defendendo o reforço de estratégias diferenciadas para aumentar a testagem, aproveitando os contactos dos utentes com o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

A presidente da LPCS comentava desta forma à agência Lusa os dados do “Relatório Infeção por VIH em Portugal 2022” divulgados esta terça-feira pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA).

Segundo o relatório, foram diagnosticados, em 2020 e 2021, 1.803 novos casos de infeção por VIH, números que preocupam a Liga.

“São sempre números que preocupam a Liga Portuguesa Contra a Sida que há 32 anos desenvolve o seu trabalho para prevenir esta infeção por VIH e que desde 2012 alargou às outras IST [infeções sexualmente transmissíveis]”, afirmou Eugénia Saraiva numa resposta escrita à Lusa.

Relativamente aos 298 óbitos registados neste período, disse que são igualmente “números sensíveis”, assim como os diagnósticos tardios que, segundo o relatório, foram observados em 55,4% dos casos entre 2012 e 2021.

“[Estes dados] leva-nos a refletir que podemos identificar oportunidades de quebrar a cadeia e de evitar mortes prematuras, se chegarmos a estas pessoas”, defendeu.

Para Eugénia Saraiva, a idade de diagnóstico também constitui uma preocupação, uma vez que a mediana das idades dos novos casos de infeção é 39 anos e em 27,6% tinham 50 ou mais anos, e também deve fazer refletir sobre como se pode efetivar e promover a educação e a literacia na saúde.

Outra preocupação manifestada pela responsável prende-se com o facto de a Área Metropolitana de Lisboa reunir a maioria dos novos casos, com destaque para Loures (173) e Odivelas (161).

Para a Liga, é importante descentralizar as consultas de profilaxia de pós-exposição ao VIH (PPE) e de pré-exposição (PREP) para estruturas de proximidade.

“A PREP é mais que a toma de um comprimido, é um programa estruturado que poderá prevenir outras IST, tem de ser (des)hospitalizada e integrada em estruturas de proximidade como por exemplo a Liga Portuguesa Contra a Sida”, defendeu.

Por outro lado, disse, é importante reforçar o diagnóstico precoce e “reforçar estratégias diferenciadas para testar aproveitando os contactos dos cidadãos com a SNS”.

A Liga lançou a campanha “Na sida existe vida” que pretende sensibilizar a população para o estigma e a discriminação que ainda persiste, através de dois “spots” que serão transmitidos nos cinemas, na canais generalistas de televisão, nas redes sociais e ainda no Congresso Nacional do VIH, que se realiza entre quinta-feira e sábado, em Peniche.

A organização alerta que as infeções sexualmente transmissíveis, como o VIH, as Hepatites Víricas, HPV, ocorrem, na sua maioria, após relações sexuais desprotegidas e os estudos indicam que ainda “há muito trabalho a fazer junto dos mais jovens, e também dos menos jovens, de forma a fomentar o uso do preservativo, como um método seguro para prevenir estas infecções e também as gravidezes indesejadas”, refere a Liga.

LUSA/HN

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