Num plenário realizado durante a concentração foram debatidos os problemas dos trabalhadores, nomeadamente a falta de pessoal, “uma situação gritante no hospital que obriga à realização de horas extraordinárias para colmatar faltas efetivas de trabalhadores na elaboração das escalas”, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas, que promoveu o plenário.
Em declarações à agência Lusa, a dirigente sindical Ana Pais afirmou que esta situação viola o direito dos trabalhadores ao direito ao descanso e à conciliação da vida familiar com a vida profissional.
“Aliás, eles estão mais no posto de trabalho do que propriamente com as suas famílias e muitos deles com crianças”, afirmou Ana Pais, sublinhando que “os trabalhadores entram ao serviço no seu horário, mas devido à falta de pessoal não sabem se saem”.
Além disso, sublinhou, são chamados em dia de descanso para fazer “trabalho extraordinário, porque cada vez há menos trabalhadores”.
A dirigente sindical adiantou que devido ao facto de não ter havido um aumento geral dos salários ao longo dos anos, há auxiliares de ação médica cujo vencimento se foi aproximando do ordenado mínimo nacional.
“Neste momento, auxiliares com 20 e 30 anos [de trabalho], a grande maioria, ganha o salário mínimo nacional”, lamentou.
Questionada sobre quantos auxiliares de saúde trabalham no Hospital Santa Maria, que integra o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), e quantos seriam necessários, Ana Pais disse que não tem esses números exatos, mas citou o testemunho de uma funcionária que trabalha num serviço de urgência do hospital, segundo a qual devia haver pelo menos 25 auxiliares de ação médica, mas são apenas 15 a assegurar o serviço.
“Por aqui se vê a falta que existe de trabalhadores nas urgências, mas quem diz nas urgências diz em todos os serviços”, lamentou, recordando que, por acordo, estes trabalhadores têm a obrigatoriedade de fazer 150 horas de trabalho extraordinário por ano, mas estão a fazer muito mais do que o estabelecido.
Ana Pais disse que vão agora fazer “um apanhado das situações” para depois enviar à administração do CHULN. O sindicato também está em reuniões com a tutela para a valorização das carreiras destes trabalhadores.
Do plenário, disse, “não saiu propriamente uma forma de luta, mas poderá vir a ser uma forma de luta, porque entretanto estamos a fazer plenários em vários hospitais, onde os problemas são realmente também os mesmos”.
Segundo a sindicalista, os trabalhadores irão depois decidir a melhor forma para reivindicar os seus direitos e as suas condições de trabalho.
LUSA/HN
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