O episódio de saúde de Ricardo Ribas, que o próprio apelidou de “muito assustador”, abre caminho para debater o papel dos exames genéticos na área do desporto, comentou a CBR Genomics. O atleta pede agora que sejam incluídos mais exames de rastreio à lista de testes médicos obrigatórios para atletas.
“Embora os testes de rastreio para doenças cardiovasculares em jovens atletas incluam o eletrocardiograma, ecocardiograma e prova de esforço, nenhum estudo genético é realizado no sentido de perceber se o atleta tem predisposição genética para desenvolver doenças cardiovasculares”, começa por explicar Ana Catarina Gomes, CEO da CBR Genomics, startup portuguesa de saúde e tecnologia que presta serviços na área da genética.
“Entre os jovens atletas, estima-se que 3 em cada 1.000 (…) têm uma doença cardiovascular, não diagnosticada, associada a morte súbita cardíaca. Em pessoas mais jovens, com menos de 40 anos, os casos de morte súbita são normalmente causados por doenças cardíacas hereditárias, como miocardiopatias e canalopatias”, continua. Por isso, “torna-se muito relevante considerar a realização de rastreios genéticos para a prevenção da morte súbita em desportistas, quer porque as tecnologias de estudo do DNA são consistentes e de valor inquestionável, mas também porque estão já disponíveis para os praticantes de desporto — quer amadores, quer profissionais”.
Para a especialista, “a deteção atempada destas alterações genéticas permite implementar ações clínicas efetivas de modo a prevenir ou mitigar o risco de desenvolvimento de doenças severas, ou até de mortes súbitas precoces”. Assim, o estudo do DNA pode abrir uma nova janela de prevenção na saúde dos atletas, já que “cada vez mais estudos científicos mostram que certas doenças cardiovasculares têm causa genética”.
“Estima-se que cerca de 30% da mortalidade global se deve a doenças cardiovasculares, sendo que, na Europa, cerca de quatro milhões de pessoas morrem anualmente como resultado de uma patologia cardíaca”, conclui.
PR/HN/RA
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