“Reconheço razão a quem se queixa de ter uma carreira que está mais ou menos congelada há 20 anos. Vamos dialogar com eles para ver se conseguimos encontrar um modelo mais favorável”, disse Manuel Pizarro quando questionado sobre as negociações com os admistradores hospitalares.
Sem responder à pergunta sobre se há margem para antecipar as negociações, Manuel Pizarro sublinhou o diálogo entre a tutela e a Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH).
“Não me quero compremeter com esse calendário, mas acho que há uma coisa que a APAH não ignora que é que há um diálogo em curso entre o Ministério da Saúde e a associação”, referiu o governante, no Porto, à margem da inauguração do Centro de Mama do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ).
Manuel Pizarro referiu que o Governo está “a trabalhar com todos os grupos profissioais do SNS [Serviço Nacional de Saúde] com uma grande disponibilidade para o diálogo”, mas não deixou de admitir que compreende alguma insatisfação.
“Percebo que quem é calendarizado para um pouco mais tarde não pode ficar mais satisfeito como quem é calendarizado mais cedo”, disse.
A APAH disse na quinta-feira rejeitar a proposta do Governo de adiar para 2025 a negociação sobre a sua carreira, adiantando que caso tal aconteça “serão os doentes os mais prejudicados”.
“Não aceitamos este calendário de negociação, exigimos trabalhar de forma enquadrada na lei e faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para que o Governo entenda a importância e prioridade desta carreira”, refere a APAH num comunicado.
A proposta foi apresentada na terça-feira pela secretária de Estado da Administração Pública, Inês Ramires, numa reunião com os sindicatos da administração pública.
A associação considera que o executivo “desconsidera o impacto” da profissão na sociedade e não tem em conta “o tempo de abandono” a que o grupo profissional “tem sido sujeito pelos sucessivos governos”.
“Os sucessivos governos insistem na necessidade de existir melhor gestão em saúde em Portugal, mas mantêm os Administradores Hospitalares há mais de 20 anos sem carreira, sem avaliação de desempenho, sem qualquer progressão ou formação contínua”, salienta.
A APAH insiste que “sem administradores hospitalares a gestão será pior, os hospitais serão menos eficientes e menos produtivos, terão menos margem para investimento e darão menor resposta aos cidadãos utentes do SNS (Serviço Nacional de Saúde)”.
A proposta de calendarização do Governo para a revisão das carreiras mereceu também críticas da Federação de Sindicatos da Administração Pública pelo tempo que leva a concretizar.
O secretário-geral da FESAP, José Abraão, que falava no final da reunião com Inês Ramires, indicou que o Governo se mostrou disponível para rever este ano a carreira de informática, de vigilantes da natureza, polícia municipal, oficiais de justiça, investigação, outras carreiras da saúde e da educação e as do Tribunal de Contas.
“Já depois, em 2024, poderíamos ter a [revisão das carreiras da] reinserção social, as inspeções externas do Estado enquanto carreiras não revistas, e, em 2025, os administradores hospitalares e a medicina legal”, precisou.
LUSA/HN
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