“O Presidente, Ramos-Horta, na sua visita ao Brasil, apresentou um pedido de um investimento brasileiro numa fábrica de medicamentos em Timor-Leste. Uma fábrica de medicamentos básicos, paracetamol, soro, o mais básico de uma rede hospitalar pública e com eventual foco no potencial mercado da ASEAN [Associação de Nações do Sudeste Asiático]”, explicou Maurício Medeiros de Assis em entrevista à Lusa.
“É ainda uma ideia, não é um projeto com metas. E seria necessário a vinda de uma missão brasileira, para estudar a viabilidade e as metas”, sublinhou.
Maurício Medeiros de Assis explicou que esse foi um dos temas que discutiu na segunda-feira numa reunião que manteve com o chefe de Estado timorense, referindo que se inspira num projeto idêntico desenvolvido em Moçambique, também com cooperação brasileira.
“Não se trata de capacitação de timorenses para que os timorenses criem uma indústria farmacêutica. É um projeto de cooperação industrial, a implantação de uma fábrica pronta e operacional, que substitua a importação de alguns medicamentos”, notou.
“O treino e capacitação dar-se-ia com a fábrica em produção. Implicaria o Brasil trazer a indústria brasileira, com apoio das nossas ferramentas e bancos de apoio”, disse.
Se avançar, o projeto poderia replicar um modelo desenvolvido em Moçambique que permitiu criar a Sociedade Moçambicana de Medicamentos (SMM), uma unidade fabril criada com apoio brasileiro e que hoje produz vários medicamentos, incluindo analgésicos (paracetamol) e comprimidos para a hipertensão e diabetes.
Pensada inicialmente para produzir antirretrovirais, a fábrica acabou por ser modificada, e hoje produz cinco tipos de fármacos diferentes que auxiliam no tratamento de doenças como diabetes, hipertensão, doenças mentais e inflamações.
Os medicamentos destinam-se tanto ao serviço nacional de saúde moçambicano como ao setor privado.
Através do acordo entre os dois países, o Brasil levou para Moçambique a experiência do seu Sistema Único de Saúde (SUS) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que poderia voltar a estar envolvida na unidade em Timor-Leste.
O projeto acabou por ser o mais longo projeto de cooperação do Governo brasileiro em África, e o mais caro, com custo estimado de 40 milhões de reais (cerca de 945 mil euros), segundo o ‘site’ de notícias G1.
LUSA/HN
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