Universidade de São José em Macau quer ajudar brasileiros com covid-19 prolongada

28 de Fevereiro 2023

Um novo laboratório da Universidade de São José (USJ) em Macau vai investigar a potencial utilização de neurociências aplicadas para ajudar doentes que sofrem de covid-19 prolongada no Brasil, disse hoje um académico à Lusa.

O diretor do laboratório de neurociências aplicadas da USJ, Alexandre Lobo, falava à margem da cerimónia de inauguração, que estava inicialmente marcada para junho de 2022, mas foi adiada devido a um surto de covid-19 que afetou Macau.

Cerca de 145 milhões de pessoas em todo o mundo sofreram sintomas de covid-19 de longo prazo nos primeiros dois anos da pandemia, incluindo fadiga com dores no corpo, alterações de humor, problemas cognitivos e falta de ar, segundo um estudo divulgado em setembro.

Alexandre Lobo disse acreditar que a tecnologia de neurociências aplicadas já desenvolvida pelos investigadores da USJ pode ajudar a mitigar os “enormes impactos cognitivos nos pacientes” com covid-19 prolongada.

De acordo com dados oficiais, o Brasil registou mais de 36,9 milhões de casos confirmados de covid-19. Um estudo brasileiro concluiu que quase 60% das pessoas que contraíram a doença tiveram sintomas de longo prazo.

A investigação, que nasceu de um acordo já existente entre a USJ e a Universidade Federal do Ceará (UFC), no nordeste do Brasil, “ainda está muito numa fase inicial, na fase de design”, sublinhou Lobo.

A Universidade de São José tem alunos de doutoramento na área de neurociências aplicadas na UFC e “a ideia é que possam dar apoio” ao Hospital Universitário Walter Cantídio, explicou o académico.

O diretor lembrou que a universidade com sede em Macau já tinha lançado, com a UFC e o Instituto da Primeira Infância, com sede em Fortaleza, um projeto de pesquisa com famílias carentes brasileiras, “submetidas a stress crónico”.

O projeto usou equipamento de monitorização das ondas cerebrais, para avaliar a reação dos membros de famílias carentes quando eram submetidas a sessões de relaxamento, referiu o diretor do laboratório.

Graças à recolha de dados sobre ondas cerebrais, frequência cardíaca, expressões faciais e rastreio ocular, o laboratório consegue identificar as reações e emoções de diferentes pessoas, por exemplo ao ver um anúncio publicitário.

A USJ tinha já lançado ainda um projeto conjunto, com a UFC e a Universidade Católica do Porto, em Portugal, para usar inteligência artificial para interpretar e classificar de forma automática as reações das pessoas.

A Universidade de São José em Macau pretende “incrementar mais ainda” a investigação sobre o stress crónico das famílias carentes brasileiras, nomeadamente através da utilização de tecnologia de realidade virtual, disse Alexandre Lobo.

LUSA/HN

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