PCP considera que Governo “terá de ceder” perante contestação a encerramento de urgências

16 de Março 2023

O secretário-geral do PCP considerou esta quarta-feira que o Governo “terá de ceder” perante a contestação ao encerramento de urgências pediátricas, considerando que se trata de uma “errada opção” que põe em causa a assistência a "milhares de crianças".

“A luta dos utentes, dos profissionais, das mulheres, de todos aqueles que consideram que a saúde não é um negócio, mas sim um direito – a luta de todos nós -, levará a que o Governo terá de ceder nesta sua errada opção”, declarou Paulo Raimundo.

O secretário-geral do PCP discursava numa sessão pública em que se assinalou o centenário do nascimento de Maria Alda Nogueira, antiga deputada, constituinte e dirigente comunista, e na qual marcaram presença Jerónimo de Sousa e Carlos Carvalhas, antigos líderes do partido.

Paulo Raimundo defendeu que se está a assistir a um “ataque aos serviços públicos” e salientou que a decisão de se encerrarem quatro urgências na região de Lisboa e Vale do Tejo comprova quais são as opções do Governo.

“Sob a capa de uma reorganização de serviços, o Governo, em vez de criar as condições que facilitem o recrutamento e a valorização dos profissionais em falta, optou, mais uma vez, e apenas por sua exclusiva opção, pelo encerramento de serviços”, disse.

Segundo o líder comunista, essa escolha mantém “o caminho de desvalorização do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e de apoio aos grupos privados para o negócio da doença, pondo em causa a assistência e os cuidados médicos a milhares de crianças”.

Neste discurso, com perto de 20 minutos, Paulo Raimundo abordou ainda a ação de fiscalização de preços em supermercados que está a ser feita pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE).

O secretário-geral do PCP sublinhou que, devido a essa operação, “ainda que limitada”, está a crescer uma “justa indignação em torno da inaceitável especulação” que está a ser praticada e que “há muito” que é denunciada pelo seu partido.

“Não é aceitável este aproveitamento de quem soma lucros com o cartel instalado e a imposição de margens de 30%, 40%, 50% e mais sobre os legumes, os produtos lácteos, os óleos e os azeites, os cereais, a carne ou o peixe”, disse.

No entanto, Paulo Raimundo destacou que esta situação “não começou na semana passada”, reiterando que, quando o PCP apresentou propostas no parlamento para limitar os preços dos bens essenciais, “PSD, Chega, IL e PSD uniram-se para votar contra”.

“É com os grupos económicos, a sua concentração de riqueza, exploração e especulação, é com os seus interesses, que PS, PSD, Chega, IL e CDS estão profundamente comprometidos”, acusou.

O líder comunista sustentou que são necessárias “propostas para contrariar o ciclo de empobrecimento, de desigualdades e de ataque a direitos e a serviços públicos”.

“Propostas da mais elementar justiça e da mais premente urgência, e que os partidos da política de direita procuram condicionar, caricaturar e, claro, sempre que conseguem, rejeitar”, criticou.

Na segunda-feira, a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde anunciou que, a partir de 01 de abril, os serviços de urgência de Pediatria dos hospitais S. Francisco Xavier (Lisboa), Beatriz Ângelo (Loures) e do Centro Hospitalar do Oeste encerram à noite, no âmbito da estratégia de reorganização das urgências de Pediatria na Região de Lisboa e Vale do Tejo.

Nesse mesmo âmbito, as urgências pediátricas do Hospital Beatriz Ângelo também ficarão encerradas ao fim de semana, acontecendo o mesmo, quinzenalmente, no Centro Hospitalar de Setúbal.

LUSA/HN

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