Médicos angolanos marcham hoje em memória de Sílvio Dala e pelo fim da violência policial

12 de Setembro 2020

Médicos angolanos e outros profissionais, bem como elementos da sociedade civil angolana, desfilam hoje em Luanda em memória de Sílvio Dala, pediatra de 35 anos, morto a 01 de setembro na sequência de uma intervenção policial.

A marcha foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Médicos de Angola (SINMEA), mas dirige-se a todos os que desejam manifestar o seu repúdio pela violência da polícia angolana, que está debaixo de fogo devido ao elevado número de mortos desde o início da pandemia, em março, na sequência de ações policiais.

O “Não à brutalidade policial” é também tema de um outro protesto convocado para sábado por jovens ativistas que quiseram dar ao ato um caráter mais abrangente homenageando todas as vítimas da violência policial.

Sem números oficiais, com base nos dados apurados pela Amnistia Internacional e nas notícias divulgadas pelos meios de comunicação social, a Lusa estima que já houve mais de uma dezena de mortos nos últimos seis meses em situações que envolvem agentes da polícia.

O caso mais mediático foi o de Sílvio Dala que morreu no passado dia 01 de setembro, na sequência da detenção numa esquadra policial, onde foi levado por conduzir sozinho sem máscara facial.

A polícia alega que o médico não foi vítima de agressão, tendo morrido devido a uma queda aparatosa na esquadra quando estava numa ambulância a caminho do hospital, uma versão contrariada pelo Sindicato Nacional dos Médicos de Angola (SINMEA) que marcou a marcha que vai encerrar um período de sete dias de luto, em memória de Sílvia Dala.

A concentração será às 12:30 na paragem de autocarros na Mutamba, de onde os manifestantes partirão em silêncio até à sede da Ordem dos Médicos de Angola.

O Ministério da Saúde de Angola apelou à calma da comunidade médica e expressou a sua “mais profunda consternação” pela morte do médico, diretor clínico do hospital materno-infantil de Ndalatando, destacado em missão de formação no Hospital Pediátrico David Bernardino, em Luanda.

A morte do médico suscitou comoção em Angola e críticas por parte de organizações dos direitos humanos e personalidades angolanas que usaram as redes sociais para exprimir o seu repúdio, como o músico e ativista Luaty Beirão, o cantor Anselmo Ralph e as filhas do ex-presidente José Eduardo dos Santos, Isabel dos Santos e Welwitschea “Tchizé” dos Santos.

LUSA/HN

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