Utentes enviam seis mil postais ao ministro contra falta de médicos

Utentes enviam seis mil postais ao ministro contra falta de médicos

“Foram recolhidos seis mil postais escritos e três mil assinaturas num abaixo-assinado que circulou na freguesia de A-dos-cunhados e Maceira que vão ser entregues ao Ministério da Saúde”, afirmou Jorge Humberto, do PCP, em declarações à Lusa.

Com os postais, os subscritores dos cinco concelhos, todos no distrito de Lisboa, pretendem “denunciar o problema da falta de médicos de família” na região.

Os postais vão ser colocados dentro de uma seringa gigante que será depois entregue no Ministério da Saúde a “exigir medidas necessárias para um melhor acesso ao único serviço público e universal que permite o acesso a todos em condições de igualdade”.

A recolha de postais, iniciada em março, visa “dar continuidade à luta por melhores cuidados de saúde no Oeste”, depois de várias concentrações e protestos nos concelhos do Cadaval, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras.

Segundo os comunistas, nos cinco concelhos, integrados no Agrupamento de Centros de Saúde Oeste Sul, existem cerca de 70 mil utentes sem médico de família num universo de mais de 200 mil habitantes.

“Numa altura em que se acentuam os problemas no acesso ao Serviço Nacional de Saúde, é necessário reverter a crescente falta de médicos de família e garantir mais contratações de médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde”, sublinharam.

Para o PCP, “não é aceitável que para os utentes do Oeste a solução venha a ser a entrega dos utentes a equipas contratadas por instituições sociais em vez de médicos e enfermeiros no centro de saúde da sua área de residência”.

LUSA/HN

China vai deixar de exigir teste PCR que mantinha para alguns viajantes

China vai deixar de exigir teste PCR que mantinha para alguns viajantes

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China Mao Ning explicou hoje, em conferência de imprensa, que, com o objetivo de “facilitar ainda mais o intercâmbio entre a China e o resto do mundo”, as pessoas que viajam para o país asiático “podem realizar um teste de antigénio, em vez de um teste PCR”, nas “48 horas antes de embarcarem”.

Mao recomendou que os viajantes “protejam a sua saúde” e “acompanhem” o seu estado de saúde, antes de viajarem.

Em março passado, as embaixadas do país asiático em vários países, incluindo Portugal, tinham já anunciado a retirada da exigência do PCR para viajar para a China, embora permanecesse em vigor para passageiros de algumas nações.

A China aplicou durante quase três anos a rigorosa política de ‘zero casos’ de covid-19, que implicou o encerramento quase total das fronteiras: só podiam entrar no país cidadãos chineses e um reduzido número de estrangeiros, na condição de cumprirem um período mínimo de 14 dias de quarentena em instalações designadas.

O país começou a desmantelar a estratégia no final de 2022, após a realização de protestos em várias cidades.

NR/HN/(Lusa

Dezenas de pessoas em manifestação de apoio a médica que denunciou erros no Hospital de Faro

Dezenas de pessoas em manifestação de apoio a médica que denunciou erros no Hospital de Faro

Na concentração convocada por um movimento de apoio à médica Diana Pereira, que ganhou dimensão nas redes sociais, os participantes exibiram faixas e cartazes onde se lia: “Quanto barulho cabe no silêncio” e “Defender para proteger”.

A concentração iniciou-se pelas 17:00, junto à igreja de São Luís, nas imediações do Hospital de Faro, tendo os manifestantes seguido depois num cordão humano, em silêncio, que circundou a unidade hospitalar.

Cerca de uma hora depois, as cerca de 50 pessoas pararam junto à entrada principal do Serviço de Urgência do hospital onde cumpriram um minuto de silêncio “por todos os doentes ali hospitalizados”.

Nídia Silva, uma das organizadoras do evento, disse à agência Lusa que a manifestação “teve como objetivo, mostrar a gratidão para com a médica, que teve a coragem de denunciar 11 casos ocorridos na unidade hospitalar”.

“A manifestação que surgiu da vontade espontânea de um grupo de cidadãos, pretende agradecer a coragem da doutora Diana, ao denunciar aquilo que outros não têm coragem de fazer”, apontou.

Nídia Silva fez questão de destacar “que o protesto é de cidadãos para cidadãos e não é contra os profissionais de saúde, médicos e enfermeiros, mas sim pela coragem demonstrada por Diana Pereira e contra o mau serviço hospitalar”.

“Os médicos são humanos e erram, mas há que admitir os erros e cabe à administração corrigir as situações que não estão bem”, notou.

Aquela organizadora adiantou que esperava a participação de mais pessoas, “já que a página na rede social Facebook criada para apoiar a médica, tem mais de 800 seguidores”.

“Pelo apoio que foi demonstrado para a convocação da manifestação esperávamos muito mais pessoas. Infelizmente, isso não aconteceu, mas foram poucos e bons”, concluiu.

No início deste mês, a médica denunciou 11 alegados casos de erros e de negligência no serviço de Cirurgia do Hospital de Faro, ocorridos entre janeiro e março, tendo apresentado queixa na Polícia Judiciária contra o seu ex-orientador de formação e o diretor do serviço de Cirurgia do Hospital de Faro.

De acordo com Diana Pereira, dos 11 casos reportados, três dos doentes morreram, dois encontravam-se internados à data da denúncia internados nos cuidados intermédios e os restantes tiveram lesão corporal associada a erro médico. Um dos doentes esteve uma semana com compressas no abdómen, adiantou.

Entretanto, a médica – que foi ouvida na quarta-feira passada no Hospital de Portimão no âmbito do inquérito interno instaurado pelo Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) -, pediu a suspensão do internato médico de formação específica de Cirurgia Geral, medida que está prevista na lei, enquanto decorrem os processos de averiguações aos casos reportados.

O Ministério Público também instaurou um processo para averiguar as denúncias feitas por Diana Pereira e a Ordem dos Médicos anunciou a criação de uma comissão técnico-científica de peritos, médicos independentes, para avaliar os casos reportados.

LUSA/HN

Movimento cívico junta-se e manifesta-se em Lisboa para tentar salvar o SNS

Movimento cívico junta-se e manifesta-se em Lisboa para tentar salvar o SNS

Bruno Maia, dirigente do Bloco de Esquerda e um dos 40 mentores deste movimento cívico, disse hoje à agência Lusa que “o grande objetivo é uma tentativa de agregação de pessoas de vários setores da sociedade para exigir um reforço no investimento no SNS e no recrutamento” de profissionais.

Esta iniciativa, que agrupa pessoas do setor da saúde, mas também da política, do sindicalismo, da cultura e das artes, entre outros, pretende igualmente “inverter o desinvestimento, a suborçamentação e a perda de profissionais” nas várias componentes do SNS e englobar a sociedade toda nesta luta que consideram urgente.

Entre as iniciativas já programadas, além do manifesto disponível em https://maissns.wordpress.com, estão um jantar em Lisboa e outro no Porto na próxima sexta-feira e um almoço no sábado em Albufeira, no Algarve, numa iniciativa denominada “Celebrar abril, celebrar o SNS”, bem como uma manifestação em Lisboa no próximo dia 03 de junho.

Este grupo de cidadãos, profissionais e utentes do SNS, de diversos percursos políticos e cívicos, juntou-se para iniciar um movimento popular pelo acesso à saúde, por entender que “a defesa do investimento no SNS é a única forma consequente de lutar por esse direito universal”.

Além de Bruno Maia, a comissão promotora do movimento conta com nomes como Bernardo Vilas Boas, Carlos Salgueiral Morais, Célia Rodrigues, Constantino Sakellarides, Diana Póvoas, Filipa Rodrigues, Guadalupe Simões, Henrique Sousa, Hugo Esteves, Jaime Mendes, João Proença, Jorge Almeida, Jorge Almeida, José Cavalheiro, Luís Dupont, Manuel Sant’Ovaia, Mário Durval, Martino Gliozi, Noel Carrilho, Raquel Azevedo, Rui Macedo, Sara Ferreira e Teresa Gago, entre outros.

Os subscritores consideram que “o SNS está doente”, mas que “pode ser curado”, que “é indispensável à sociedade portuguesa” e que “o grande negócio da saúde não serve o interesse público”, salientando que “o SNS não deixa ninguém para trás” e que “ninguém pode deixar para trás o SNS”.

O manifesto afirma que “Portugal não suporta mais esperas e falhas nos cuidados de saúde” e os seus subscritores recusam a degradação e o retrocesso do SNS e exigem políticas públicas que assegurem o direito de todos à saúde, apelando a que “todos os cidadãos se mobilizem, organizem e tomem nas suas mãos, em todo o lado, a defesa do direito à saúde”.

Destacam que “a prolongada suborçamentação e baixo investimento têm consumido as reservas dos serviços de saúde”, que “é adiada a construção urgente de hospitais e centros de saúde, bloqueada a contratação de profissionais essenciais e falta justiça e valorização laboral”.

“O resultado é a falta de acesso aos cuidados de saúde primários, mais espera por consultas hospitalares e cirurgias, escassez na saúde mental, penúria na saúde oral e gastos elevados das famílias. O desinvestimento empurra os utentes para o negócio dos grandes grupos privados”, afirmam.

Lembram também que “mais de um milhão de cidadãos sem médico de família são forçados a recorrer às urgências dos hospitais – a única solução que lhes resta. Os profissionais de saúde desdobram-se em horas extraordinárias, acumulando cansaço e baixas por esgotamento. O bloqueio das carreiras acelera a sangria dos mais qualificados. O desinvestimento empurra profissionais para o setor privado e para a emigração”.

LUSA/HN

Protestos voltam às ruas em Los Angeles contra restrições crescentes ao aborto

Protestos voltam às ruas em Los Angeles contra restrições crescentes ao aborto

“As mulheres que sofrem abortos espontâneos precisam destas pílulas”, disse a ativista Marisol Ruiz, uma das promotoras da marcha deste sábado. “Estas leis não diferenciam. É por isso que precisamos que as opções estejam disponíveis”.

Entre cânticos e palavras de ordem, os manifestantes gritaram “O meu corpo, a minha escolha”, “Levantem-se e lutem” e “Nem a igreja nem o Estado, as mulheres decidem o seu destino”. A marcha seguiu de Pershing Square até à câmara da cidade de LA, com cordão policial e helicópteros a sobrevoar.

O protesto teve organização principal da Women’s March Foundation (Fundação Marcha das Mulheres) e acontece numa altura em que o destino da Mifepristone está num limbo. A administração de Joe Biden pediu ao Supremo Tribunal que revertesse a proibição temporariamente e a moção foi aceite, mas vigora apenas até à próxima quarta-feira.

Em causa está uma pílula abortiva que foi autorizada e considerada segura pelo regulador Food and Drug Administration (FDA) em 2000. A decisão do juiz Matthew Kacsmaryk, conhecido pela posição anti-aborto, aconteceu menos de um ano depois de o Supremo ter revogado o direito federal ao aborto, que fora assegurado com o caso Roe v. Wade em 1973.

“Isto começou em 2016, quando Trump foi eleito e nomeou todos estes juízes”, disse à Lusa Kathleen Schwartz, uma sexagenária que compareceu na manifestação empunhando um cartaz onde se lia “Não posso acreditar que ainda tenho de protestar para proteger os direitos das mulheres”.

“Não queria usar a expressão ‘fascistas cristãos’, mas é isso que eles são”, considerou Schwartz, que trabalhava numa instituição do setor da saúde antes de se reformar. “Eu acredito que o aborto é um cuidado de saúde”, frisou. “É uma decisão entre a pessoa e o seu médico”.

Schwartz completou o ensino secundário em 1973, o ano em que o aborto se tornou legal nos Estados Unidos da América, e mostrou-se incrédula que o progresso esteja a ser revertido.

“Ter de estar aqui a fazer isto 50 anos depois é simplesmente estúpido”, afirmou, dizendo que pretende continuar a ir para as ruas em protesto porque a alternativa é o desalento e o conformismo. “Mas o cenário é sombrio”, reconheceu.

Tal como ela, outras mulheres que viveram quase toda a vida com o aborto a ser legal marcharam até à câmara de Los Angeles. O protesto teve participantes diversos, incluindo homens e pessoas de várias etnias, mas a presença de mulheres mais velhas foi bastante visível.

Em frente ao edifício, num palco montado pela organização, a advogada Gloria Allred criticou o facto de “os úteros se terem tornado numa bola de futebol política” e a estratégia usada pelos grupos anti-aborto, que foram à procura de um juiz favorável.

“Ele quis aplicar a proibição a todos os estados, não apenas ao Texas”, sublinhou, lembrando que o movimento anti-aborto parece ter deitado fora o argumento de que a revogação do Roe v. Wade devolvia os direitos aos estados.

Allred também elogiou todos os que compareceram no protesto “em vez de irem para o Coachella”. O festival de música está a decorrer em Indio, a duas horas de Los Angeles, e foi considerado uma das razões pelas quais esta manifestação atraiu menos pessoas que o habitual.

Outra das vozes que surgiu no palco foi a da congressista democrata Judy Chu. “É ultrajante que não seja suficiente para estes políticos extremistas retirarem às mulheres um direito que tiveram por 50 anos”, declarou. “Agora vêm atrás de medicamentos considerados seguros por 23 anos”.

Chu disse que esta decisão pode abrir um precedente perigoso e impedir a FDA de fazer o seu trabalho com base na ciência e sem interferência política.

“Estes republicanos querem uma proibição nacional do aborto”, afirmou a congressista, que recentemente propôs a legislação “Women’s Health Protection Act” para proteger a liberdade reprodutiva. “Não vou parar de lutar até o direito ao aborto ser acessível a todas as pessoas neste país”.

Também a congressista Maxine Waters falou e urgiu os participantes a continuarem a lutar e não serem intimidados.

“Vamos organizar-nos. Encontramo-nos nas ruas e no tribunal”, prometeu Waters, endereçando o movimento anti-aborto. “Vocês vêm atrás de nós e agora vamos atrás de vocês”.

Outra voz que passou pelo palco foi a de Katy Yaroslavsky, membro do conselho da cidade de LA, que se disse “cansada” de ter de continuar a fazer estes protestos. “Cada vez fica pior”, lamentou, apesar das inúmeras manifestações dos últimos sete anos.

Kara James, enfermeira da Planned Parenthood, fez eco de um sentimento transversal na manifestação: “É difícil acreditar que estamos aqui outra vez”. James disse que a decisão do juiz pode ter consequências de saúde desastrosas e que esta luta não é apenas por direitos reprodutivos.

“É também por justiça económica e racial”, disse, considerando que a falta de acesso ao aborto afeta desproporcionalmente mulheres mais pobres e de minorias étnicas.

Este sábado também decorreram protestos pelos direitos reprodutivos em Nova Iorque e em Washington D.C., em frente ao Supremo.

Cerca de 14 estados impuseram proibições totais ou parciais ao aborto desde que o Supremo revogou Roe v. Wade em junho de 2022.

LUSA/HN