“Hoje, na curta reunião que tivemos com o ministro da Saúde, deixamos muito bem claro que o tempo se está a esgotar”, disse à agência Lusa o secretário-geral do SIM, após mais uma ronda das negociações que se iniciaram no final de 2022.
Este processo negocial teve o seu início formal já com a equipa do ministro Manuel Pizarro, mas a definição das matérias a negociar foram acordadas ainda com a anterior ministra, Marta Temido, que aceitou incluir a grelha salarial dos médicos no protocolo negocial que está previsto terminar no final de junho.
Jorge Roque da Cunha adiantou que a reunião de ontem foi “relativamente curta, durou cerca de 45 minutos”, uma vez que o Governo “não cumpriu aquilo que assinou há cerca de oito meses, que era apresentação de uma proposta quer para a dedicação plena, quer para a própria grelha salarial”.
“Estamos a cerca de 45 dias do prazo previsto e esperamos que, na próxima reunião que vai ocorrer no princípio de junho, finalmente o Governo concretize aquilo que assinou”, afirmou o dirigente sindical, ao assegurar que o SIM está “imbuído de uma grande paciência” neste processo.
Segundo disse, em cada semana que o Governo se “atrasa” nas soluções para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) “mais portugueses ficam sem médico de família e veem adiadas as suas cirurgias e consultas”.
“A situação é gravíssima e custa-nos perceber a insensibilidade do Governo em relação aos problemas de saúde dos portugueses, já que não tem apresentado soluções credíveis”, lamentou ainda Jorge Roque da Cunha.
De acordo com o sindicato, as remunerações dos médicos e a melhoria das suas condições de trabalho fazem parte do pacote de investimento necessário para estabilizar o SNS.
Em cima da mesa negocial estão as normas particulares de organização e disciplina no trabalho, a valorização dos médicos nos serviços de urgência, a dedicação plena prevista no novo Estatuto do Serviço Nacional de Saúde e a revisão das grelhas salariais.
Nesta negociação está também envolvida a Federação Nacional dos Médicos (FNAM), que tem criticado a falta de propostas concretas do Ministério da Saúde para as tabelas salariais e a demora das negociações.
No início de março, os médicos realizaram uma greve de dois dias para exigir a valorização da carreira e das tabelas salariais, convocada pelos sindicatos que integram a FNAM, mas que não contou com o apoio do SIM, que se demarcou do protesto, alegando que não se justificava enquanto decorrem negociações.
LUSA/HN
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