Devido ao ruído provocado pelos transportes, diz o organismo, há pelo menos 18 milhões de europeus extremamente irritados e cinco milhões com grandes distúrbios de sono.
Os dados fazem parte de um conjunto de documentos hoje publicados pela AEA, relacionados com o ambiente e a saúde na União Europeia, com o título genérico “AEA Sinais 2023 – Saúde e Ambiente na Europa” (EEA Signals 2023 – Health and environment in Europe).
No documento sobre o ruído, a Agência lembra que este está mais presente do que nunca na vida das pessoas e que uma exposição prolongada, além de incómoda, provoca problemas físicos e mentais, especialmente para quem vive nas cidades.
O ruído dos transportes é “um problema particularmente grave na Europa”, afetando a saúde e o bem-estar de uma em cada cinco pessoas, e esse ruído, a longo prazo, pode provocar doenças isquémicas do coração, obesidade ou diabetes.
Em termos gerais cerca de 20% da população europeia está exposta a ruído prolongado, que prejudica a saúde, diz a AEA, que alerta que os números de pessoas afetadas podem estar subestimados, já que as informações fornecidas pelos Estados membros não abrangem todas as zonas urbanas, estradas, caminhos -de-ferro e aeroportos, nem todas as fontes de ruído.
A UE pretende reduzir em 30% o número de pessoas cronicamente perturbadas pelo ruído dos transportes até 2030 (comparando com 2017), o que equivale a reduzir em 5,3 milhões o número de pessoas altamente incomodadas pelo ruído.
A publicação “EEA Signals 2023” inclui documentos sobre as relações saúde e qualidade do ar, água, alterações climáticas e produtos químicos.
A Agência, ainda que salientando as evoluções positivas, alerta que a poluição atmosférica é o maior risco para a saúde ambiental a nível mundial e na Europa. Só na Europa é responsável por cerca de 300.000 mortes evitáveis todos os anos.
Quase todos os habitantes das cidades europeias estão expostos a poluição por partículas finas acima do nível de referência da Organização Mundial de Saúde. Nota a AEA que nos últimos 10 a 15 anos o número de mortes devido à poluição por partículas finas diminuiu quase para metade.
Na água, refere-se nos documentos, há novas provas de que os micro-poluentes, os microplásticos e a resistências antimicrobiana afetam a qualidade da água.
A exploração excessiva da água “pode afetar negativamente a saúde humana”, sendo de preocupar contaminantes como bactérias, vírus, metais ou pesticidas.
Nas águas subterrâneas, que fornecem cerca de 65% da água potável na UE, foi detetada poluição química em cerca de um quarto dessas águas, e 10% têm um nível insustentável de captação. Entre 04 a 11% de águas analisadas tinham níveis excessivos de um ou mais pesticidas.
E alguns produtos químicos usados nos pesticidas poderão causar doenças como diabetes, cancro e doenças neurodegenerativas, alerta-se nos documentos, que citam um estudo segundo o qual 84% de pessoas testadas em milhares de voluntários tinham pelo menos dois pesticidas diferentes no sangue.
Mais de 90% dos participantes tinham bisfenol A no organismo e mais de 60% tinham substitutos desse composto sintético, diz a AEA, acrescentando que mais de 17% das crianças e adolescentes da UE correm o risco de serem expostos a ftalatos, outra substância química utilizada, como o bisfenol, nos plásticos.
“ A Europa continua a produzir e a consumir grandes quantidades de produtos químicos, alguns dos quais podem prejudicar o ambiente ou a saúde das pessoas”, alerta a Agência.
E a saúde das pessoas é também afetada pelas ondas de calor, secas, incêndios e inundações, causas das alterações climáticas, diz ainda a AEA, segundo a qual as ondas de calor são a maior ameaça direta para a saúde da população europeia relacionada com o clima.
Estima-se que as ondas de calor tenham causado cerca de 90% das mortes por fenómenos extremos relacionados com o tempo e o clima na Europa, nas últimas quatro décadas.
NR/HN/Lusa
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