Estudantes preocupados com falta de psicólogos nas universidades

11 de Julho 2023

A Associação Académica de Coimbra lamentou esta terça-feira que o rácio de psicólogos nas instituições de ensino superior esteja muito abaixo do recomendado, com média de espera de dois meses para uma consulta, e defendeu mais recursos para a saúde mental.

No âmbito da criação pelo Governo de um programa de promoção da saúde mental nos estudantes do ensino superior, a Associação Académica de Coimbra (AAC) apresentou hoje diversas propostas para melhorar a resposta dada atualmente, com enfoque na necessidade de um aumento substancial dos recursos alocados a esta problemática.

Aumentar o número de psicólogos nas instituições de ensino superior, criar suplementos às bolsas que permitam a estudantes com dificuldades financeiras recorrer a tratamento psicofarmacológico, desenvolver ações de sensibilização e prevenção, e promover a realização de estudos sobre a saúde mental dos estudantes do ensino superior são algumas das propostas, disse o presidente da AAC, João Caseiro, durante uma conferência de imprensa que decorreu hoje.

As propostas que serão apresentadas à comissão técnica criada pelo Governo tendo em vista o programa nacional surgem depois de aquela associação estudantil ter criado uma comissão permanente para a saúde mental, que envolve vários organismos da casa e que desenvolveu um relatório para fazer um ponto de situação, explicou João Caseiro.

O relatório contou com entrevistas a várias associações e federações de estudantes do país e à Ordem dos Psicólogos Portugueses, estando as propostas ainda abertas a discussão pública até sábado, sendo depois remetidas ao Governo.

O vice-presidente da AAC, Renato Daniel, vincou que nenhuma das instituições cumpre o rácio recomendado de um psicólogo para cada 500 alunos, sendo o rácio médio de um psicólogo para 3.238 estudantes.

No caso da Universidade de Coimbra, o rácio sobe para um psicólogo para cada cinco mil alunos.

Atualmente, os tempos de espera dos estudantes por uma consulta na sua instituição situam-se numa média de dois meses, quando a AAC defende que deveria ser, no máximo, de duas semanas, notou Renato Daniel.

Para João Caseiro, para além das propostas que são sobretudo reativas, é necessário pensar na forma como o ensino superior está estruturado e que, na sua perspetiva, potencia problemas de saúde mental.

“Grande parte dos problemas [ansiedade, depressão e ‘stress’] advém da ansiedade e da gestão do tempo. Os encargos financeiros, a pressão para frequentar o curso, acabar rapidamente, e ingressar no mercado de trabalho – situação agravada no pós-Bolonha – é uma questão estrutural”, constatou.

Segundo aquele dirigente estudantil, os planos curriculares das licenciaturas estão hoje condensados, aumentando a pressão sobre os estudantes.

“Se agora há uma comissão para elaborar um plano de saúde mental, essa comissão deve olhar para o ensino superior como um todo e perceber porque é que existem estes problemas”, vincou João Caseiro.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Dicas de ouro para melhorar o sono do seu filho

Em entrevista exclusiva ao Healthnews, as pediatras Marta Rios e Maria Helena Estêvão, membros da Associação Portuguesa de Sono, partilham conhecimentos cruciais sobre o sono infantil. As especialistas abordam fatores que afetam o sono, estratégias para estabelecer rotinas adequadas e como lidar com desafios comuns, oferecendo orientações valiosas para pais e profissionais de saúde.

Casa Branca retira candidatura de nomeado por Trump para chefiar CDC

A Casa Branca retirou hoje a candidatura de Dave Weldon, escolha do Presidente norte-americano, Donald Trump, para dirigir os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC), pouco antes de ser submetida a votação por uma comissão do Senado.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights