FNAM diz que são os baixos salários que “permitem que os grupos económicos floresçam”

2 de Agosto 2023

O vice-presidente da Comissão Executiva da Federação Nacional dos Médicos (FNAM) defendeu que os baixos salários dos médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) "permitem que os grupos económicos floresçam". Sobre este segundo dia de greve, João Proença falou numa "forte adesão" na zona Sul do país. 

A FNAM convocou uma greve para dia 1 e 2 de agosto, coincidindo com a visita do Papa Francisco a Portugal. Em declarações prestadas ao HealthNews, João Proença admitiu ter-se tratado de uma escolha estratégica.

“A razão de termos escolhido estes dias foi a parte mediática. Ontem falamos com imensas televisões e rádios estrangeiras. Eu e mais dois dirigentes de sindicatos médicos da zona Sul fomos entrevistados por jornalistas espanhóis e alemães. Quando eu disse à jornalista alemã o nosso salário base, ela começou-se a rir”, apontou.

De acordo com o vice-presidente da Comissão Executiva da FNAM, a greve tem tido uma forte adesão por parte dos médicos. “Hoje estou muito mais contente. Na zona sul do país a adesão à greve aumentou comparativamente com o dia de ontem. No Norte diria que a adesão é a mesma”.

O responsável, que disse ter havido uma “farsa negociação”, reiterou que os médicos vão “continuar a luta” caso o Governo não responda positivamente às exigências dos sindicatos.

Entre os pedidos inclui-se o aumento transversal, para todos os médicos, de 30%; a redução para as 35 horas por semana; a reposição das 12 horas semanais do horário normal em serviço de urgência; o descanso compensatório aos sábados, domingos e noites.

“Se querem ter médicos de qualidade no SNS têm de pagar melhor. Não vale a pena estar a importar médicos (…) Há médicos suficientes em Portugal. Portanto, a questão passa por conseguir captar os médicos que estão fora do SNS, pagando melhor e dando melhores condições de trabalho”, frisou.

Sobre a decisão de transferir as equipas médicas de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Santa Maria para o Hospital São Francisco Xavier foram várias as críticas apontadas.

“O ministro número 2 [Fernando Araújo] é um prepotente que nem tem a sua fundamentação legal. A transferência das equipas médicas de Ginecologia e Obstetrícia para o Hospital São Francisco Xavier vai por em causa a saúde das grávidas. Muitas grávidas têm de haver hemodiálise e o São Francisco Xavier não faz”.

Segundo a FNAM as escalas que foram criadas “não são suficientes para dar resposta ao número de partos que o Santa Maria vai transferir.”

HN/Vaishaly Camões

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