“Agora que vêm os emigrantes há mais afluência, pode ser que haja mais crianças a precisar de tratamentos e eu acho isto muito mau”, afirmou Maria da Luz, que passava esta manhã à porta do Hospital de Chaves com os dois netos, Beatriz (9 anos) e Gonçalo (7).
Através de um comunicado dirigido à população da área de influência da unidade hospitalar de Chaves, que corresponde aos concelhos de Boticas, Chaves, Montalegre e Valpaços, o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) informou na quarta-feira que o atendimento aos utentes em idade pediátrica se realizará, na sexta, segunda e terça-feira e depois, no dia 22, na urgência de Vila Real.
O motivo apontado é a dificuldade de recursos humanos para preencher as escalas de serviço.
“É uma coisa que deviam prevenir, a direção hospitalar é que devia ver isso. Já sabem que há férias, as pessoas têm o seu descanso e então têm que arranjar substitutos para ter condições dignas, principalmente agora que vêm os emigrantes”, salientou Maria da Luz.
Contactado pela agência Lusa, o CHTMAD quis deixar uma mensagem de tranquilidade, garantindo que o hospital está organizado, que as instituições de emergência estão coordenadas e que há recursos para, se necessário, atender os utentes em Chaves, que terão, no entanto, que se deslocar a Vila Real se necessitarem de ser assistidos por um pediatra nos dias em causa.
Esta não é, admitiu, uma “situação desejável”, mas frisou que a “capacidade assistencial não está posta em causa”.
Susana Ramos, mãe da Ana (5 anos), também se mostrou preocupada com a notícia do encerramento da urgência e a necessidade de recorrer a Vila Real.
“Ficámos um bocadinhos apreensivos, apesar de termos a facilidade de nos podermos deslocar. É complicado porque, quando estamos numa situação de ‘stress’, de medo, tudo nos parece enorme e longe”, referiu.
As cidades de Chaves e de Vila Real distam cerca de 70 quilómetros e são ligadas pela Autoestrada 24 (A24).
“Esta já não é a primeira vez (que a urgência fecha) e temos medo que isto seja cada vez mais regular. E quem vive no Interior sabe que as diferenças, as deslocações, é tudo assustador para os pais. Por isso é importante para nós manter os serviços e que as crianças tenham o apoio que precisam. O medo é que isto deixe de ser pontual para ser uma regra”, afirmou Susana Ramos.
A urgência pediátrica do Hospital de Chaves também esteve fechada no período da Páscoa, em abril, e por mais duas vezes em julho.
Manuela Ferreira, que estava hoje próxima do hospital, acha “um escândalo e uma vergonha” a decisão de fecho da urgência pediátrica.
Apesar de ser uma decisão pontual, esta popular frisou que o serviço faz falta principalmente nesta altura em que há, na região, “muita gente de fora com crianças”.
Manuela Ferreira salientou que Chaves “tem um hospital muito bom”, mas que precisa de “mais gente”.
O centro hospitalar especificou que a urgência pediátrica do Hospital de Chaves estará fechada entre as 08:00 desta sexta-feira e as 08:00 de sábado e o mesmo volta a acontecer entre as 08:00 do dia 14 (segunda-feira) e as 08:00 do dia 16 (quarta-feira) entre as 08:00 do dia 22 (terça-feira) e as 08:00 do dia 23 de agosto (quarta-feira).
“Assim sendo, solicita-se aos utentes que, nestes dias, não se desloquem à urgência pediátrica de Chaves sem contacto prévio com a Linha SNS 24 – 808 24 24 24 – que disponibilizará aconselhamento e encaminhamento em situação de doença e medicação”, informou ainda o CHTMAD, através da rede social Facebook.
Em situações urgentes e/ou emergentes, o CHTMAD aconselha o contacto com o 112 e que se aguardem indicações por parte do operador.
LUSA/HN
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