Moçambique: Profissionais de saúde mantêm greve após interrupção do protesto dos médicos

25 de Agosto 2023

A Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM) vai manter a greve, mesmo depois de os médicos terem anunciado na quarta-feira a interrupção da sua paralisação, disse à Lusa o presidente da organização.

“Os profissionais de saúde, a nível nacional, continuam em greve, não houve nenhuma resposta concreta” por parte do Governo, afirmou Anselmo Muchave.

Muchave assinalou que a decisão do executivo de criar uma nova equipa para negociações com os médicos, que levou esta classe a suspender a greve, não abrange os outros profissionais de saúde, que, por isso, optaram por manter o seu protesto.

“Não altera em nada, porque são duas classes diferentes”, afirmou, referindo-se à greve de 21 dias prorrogáveis que os membros da APSUSM cumprem desde domingo, com observância de serviços mínimos nas unidades de saúde.

Sobre o apelo do Presidente da República, Filipe Nyusi, que, na quarta-feira, pediu para que parassem as greves no Serviço Nacional de Saúde (SNS), Anselmo Muchave considerou que a exortação não responde aos anseios da classe.

“Nós já apelamos a ele para que também as reivindicações dos profissionais sejam atendidas”, frisou.

Insistiu que os trabalhadores representados pela sua associação, que abrange 65 mil membros, exigem a melhoria do SNS, nomeadamente a logística de medicamentos, condições de trabalho e de segurança sanitária nos hospitais, condições de prestação de cuidados aos doentes, enquadramento profissional adequado e melhoria salarial.

“Existem pontos que não precisam de fundos, só precisam da abertura do Governo para que possamos trabalhar em equipa”, frisou.

Anselmo Muchave referiu que mais de 90% dos membros da organização “estão em casa à espera que o Governo dê sinais de disponibilidade para cooperar”.

Na quarta-feira, a Associação Médica de Moçambique (AMM) anunciou a interrupção, a partir de quinta-feira, da greve que estava em curso desde 10 de julho para dar espaço às conversações com o Governo.

“A interrupção foi determinada pelo facto de termos conseguido observar uma luz no fundo do túnel para que, em conjunto, todas as associações e órgãos possam trabalhar com o Governo em prol do Serviço Nacional de Saúde. Repare que falo aqui do Governo e não do Ministério da Saúde”, declarou o presidente da AMM, Milton Tatia, após uma reunião da classe em Maputo.

A greve fica assim interrompida até 02 outubro, com o objetivo de “dar espaço para um diálogo franco, aberto e produtivo com a comissão criada pelo Governo, sob liderança do primeiro-ministro, Adriano Maleiane.

Na nota final da AMM distribuída na quarta-feira, os médicos manifestam solidariedade para com os membros da APSUSM, considerando que as revindicações desta classe são também legítimas e merecem a atenção do Governo.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

ERS encerra clinica em Amarante onde dentista exercia psicologia

A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) mandou encerrar uma clínica em Amarante onde um dentista praticava atos de medicina e psicologia e suspendeu a atividade médica desenvolvida em Cascais e Lisboa por dois profissionais sem habilitações.

Ana Sofia Lopes: “Há colegas que se sentem abandonados por quem os devia representar”

Descontente e crítica do mandato até agora feito pelo bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Ana Sofia Lopes apresenta-se como a candidata da mudança. Em entrevista ao HealthNews, afirma que é preciso “pugnar por uma OMD credível, inclusiva e acessível a todos os Médicos Dentistas”. De acordo com Ana Sofia Lopes “há colegas que se sentem abandonados por quem os devia representar e descartados por quem os devia aproveitar”.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights