“Nós, na CUF, tomámos uma decisão consciente de não avançar com uma proposta de um curso privado de Medicina porque sentimos que (…) as escolas públicas de Medicina são escolas muito boas, e portanto a opção que temos tomado é estruturar parcerias com várias dessas escolas, trabalharmos em parceria com essas escolas, dinamizar essas escolas. Nesse sentido, temos estado a trabalhar com a Faculdade de Medicina do Porto, com a Faculdade de Medicina da Universidade Nova, temos protocolos com Coimbra”, explicou o presidente da Comissão Executiva da CUF, Rui Diniz.
O presidente do Conselho de Administração da Lusíadas Saúde concorda: “Nós somos muito bons a formar. Temos uma muito boa qualidade das nossas universidades.”
Noutras coisas não somos tão bons. Por exemplo, “falta de políticas definidas para o futuro” é “tragédia nacional” para Guy Villax, que disse mesmo que Portugal tem a “melhor força de trabalho”.
Guy Villax comentou também o facto de, “por razões diversas”, termos optado por ter “um cliente número um do mercado farmacêutico que é o SNS, radiante por ter os preços mais baratos da Europa”. “Pronto, é uma opção. O resultado é que as empresas depois têm dificuldade em criar margem para poder ter lucros e apostar.”
“E nós verificamos que quem tem sucesso, na indústria farmacêutica portuguesa, foi quem se orientou para a exportação”, continuou. “Agora o que o SNS não pode esquecer é que se os produtos fora de patente têm preços muito baixos e margens muito magra, que não haja surpresa quando houver escassez”, advertiu.
Rui Diniz destacou três pontos: “Para nós, seria muito importante que houvesse simplicidade fiscal”; “a derrama promove que as empresas não cresçam”; “o IRS reduzir é mesmo importante”. “Nós temos um conjunto muito alargado de pessoas com salários muito próximos do mínimo porque são funções pouco diferenciadas: pessoal da limpeza, auxiliares de ação médica, etc.”, alertou.
“Eu acho mesmo que este assunto tem uma gravidade relevante na acessibilidade que os beneficiários têm ao sistema privado de saúde”, comentou Vasco Pereira, que considera o IRS um ponto “absolutamente crítico”, defendendo igualmente que “tem que ser reduzido”. “Tem que se garantir que existe um aumento do rendimento disponível das famílias com rendimentos mais baixos” – “se não for feito de forma muitíssimo acelerada (…), estas pessoas têm uma ausência de acesso”.
“Sobre a componente da ADSE, a mim parece-me relevante pensar o que é que um beneficiário da ADSE deduz. Aquilo é um sistema absolutamente financiado pelos seus beneficiários”, vincou Vasco Pereira. Por ser uma remuneração “tão baixa”, que o “médico considera que deixa de fazer sentido naquilo que é o contributo para a sua economia familiar”, “ele começa a não estar disponível”. “Todos [grupos de saúde privados] estaremos a passar mais ou menos pelo mesmo, médicos com um enorme renome (…) muitas vezes não estão disponíveis”, segundo o presidente do Grupo Lusíadas Saúde.
“Mas é natural que, havendo uma pluralidade de pagadores, aqueles pagadores que se põem do lado de não rever no preço aquilo que são as condições de mercado macro, nomeadamente a inflação, vai acontecer que vão ficar fora do mercado”, referiu Vasco Pereira.
Foi uma sessão moderada por André Macedo.
HN/RA
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