Pediatras pedem medidas preventivas para evitar infeções respiratórias em bebés

18 de Dezembro 2023

Pediatras pediram hoje a quem contacte com bebés e crianças para lavar as mãos e usar máscara se tiver sintomas gripais, para evitar que os mais pequenos contraiam infeções respiratórias, que estão a entupir urgências e internamentos hospitalares.

O coordenador de Pediatria Médica do Hospital D. Estefânia, em Lisboa, Luís Varandas, e o pediatra Manuel Magalhães da Unidade de Pneumologia pediátrica do Centro Materno Infantil do Norte (CMI) relataram hoje à Lusa que as urgências estão cheias e há muitas crianças internadas com o vírus sincicial respiratório VSR, responsável pela maioria das bronquiolites, mas ressalvaram que é uma situação habitual nesta época do ano.

“É uma situação que estamos habituados a viver todos os anos”, com o vírus a circular de novembro a março, causando muita doença nas crianças, muitas infeções respiratórias, com necessidade de internamento numa grande parte das vezes, disse Manuel Magalhães.

Segundo o pediatra, o pico das infeções foi “um bocadinho mais precoce” este ano: “No centro Materno Infantil do Norte, desde meio de outubro que temos persistentemente todos os dias acima de 10 camas ocupadas com bebés com bronquiolite pelo VSR”.

O hospital pediátrico D. Estefânia também está “completamente sobrelotado”, com mais de 300 casos por dia nas urgências, disse Luís Varandas, salvaguardando que “é comum” no inverno ter este pico de infeções respiratórias.

“Os internamentos estão completamente lotados, com camas extras, já com grande esforço de todos os profissionais, sobretudo os enfermeiros, que têm muito mais doentes para cuidar”, adiantou Luís Varandas.

Perante esta realidade, os pediatras apelam à adoção de medidas preventivas não farmacológicas, como as utilizadas na pandemia, para evitar contagiar as crianças: lavar as mãos regularmente, usar máscaras caso a pessoa tenha sintomas gripais e fazer a limpeza e o arejamento dos espaços.

“Da mesma forma, se um bebé está doente, evitar que vá ao infantário ou à creche”, disse Manuel Magalhães, sublinhando que o VSR tem “um impacto grande, não só na pediatria, mas também nos mais idosos, pelo que acaba por fazer uma grande pressão em todo o sistema de saúde e nas famílias”.

Aconselhou os pais a não levarem os filhos para centros comerciais ou espaços fechados, onde os vírus circulam “muito mais intensamente”, e passear ao ar livre: A temperatura do ar e o frio não faz ficar doente”.

Segundo Manuel Magalhães, o VSR obriga a que os bebés fiquem no mínimo uma a duas semanas em casa e, durante esse período, muitas vezes, têm de ir duas, três, quatro vezes às urgências, o que obriga os pais a faltarem ao trabalho.

Para minimizar este impacto, os médicos estão a tentar sensibilizar os decisores políticos para que se criem normas que facilitem a vida aos pais.

Luís Varandas apelou, por seu turno, aos pais para não levarem os filhos às urgências se a infeção respiratória tiver sintomatologia leve.

“Não vale a pena virem à urgência”, porque ao ficarem horas na sala de espera correm o risco de apanhar outra infeção respiratória e o ciclo perpetua-se, ficando difícil interrompê-lo se não for alterado este comportamento.

O coordenador realçou que os quadros clínico do VSR e da gripe são “muito mais graves abaixo de um ano de idade” e que leva a muitos internamentos.

“Temos muitos casos internados e temos até casos de crianças que têm de ser transferidas” para evitar que sejam infetadas pelas crianças com VSR ou com gripe internadas na mesma enfermaria.

Ainda este fim de semana houve transferências de doentes das áreas cirúrgicas para as áreas médicas, o que obriga a uma gestão de camas que agrava ainda mais o problema.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Projeto IDE: Inclusão e Capacitação na Gestão da Diabetes Tipo 1 nas Escolas

A Dra. Ilka Rosa, Médica da Unidade de Saúde Pública do Baixo Vouga, apresentou o “Projeto IDE – Projeto de Inclusão da Diabetes tipo 1 na Escola” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde. Esta iniciativa visa melhorar a integração e o acompanhamento de crianças e jovens com diabetes tipo 1 no ambiente escolar, através de formação e articulação entre profissionais de saúde, comunidade educativa e famílias

Percursos Assistenciais Integrados: Uma Revolução na Saúde do Litoral Alentejano

A Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano implementou um inovador projeto de percursos assistenciais integrados, visando melhorar o acompanhamento de doentes crónicos. Com recurso a tecnologia digital e equipas dedicadas, o projeto já demonstrou resultados significativos na redução de episódios de urgência e na melhoria da qualidade de vida dos utentes

Projeto Luzia: Revolucionando o Acesso à Oftalmologia nos Cuidados de Saúde Primários

O Dr. Sérgio Azevedo, Diretor do Serviço de Oftalmologia da ULS do Alto Minho, apresentou o projeto “Luzia” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde. Esta iniciativa inovadora visa melhorar o acesso aos cuidados oftalmológicos, levando consultas especializadas aos centros de saúde e reduzindo significativamente as deslocações dos pacientes aos hospitais.

Inovação na Saúde: Centro de Controlo de Infeções na Região Norte Reduz Taxa de MRSA em 35%

O Eng. Lucas Ribeiro, Consultor/Gestor de Projetos na Administração Regional de Saúde do Norte, apresentou na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde os resultados do projeto “Centro de Controlo de Infeção Associado a Cuidados de Saúde na Região Norte”. A iniciativa, que durou 24 meses, conseguiu reduzir significativamente a taxa de MRSA e melhorar a vigilância epidemiológica na região

Gestão Sustentável de Resíduos Hospitalares: A Revolução Verde no Bloco Operatório

A enfermeira Daniela Simão, do Hospital de Pulido Valente, da ULS de Santa Maria, em Lisboa, desenvolveu um projeto inovador de gestão de resíduos hospitalares no bloco operatório, visando reduzir o impacto ambiental e económico. A iniciativa, que já demonstra resultados significativos, foi apresentada na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde, promovida pela Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar

Ana Escoval: “Boas práticas e inovação lideram transformação do SNS”

Em entrevista exclusiva ao Healthnews, Ana Escoval, da Direção da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar, destaca o papel do 10º Congresso Internacional dos Hospitais e do Prémio de Boas Práticas em Saúde na transformação do SNS. O evento promove a partilha de práticas inovadoras, abordando desafios como a gestão de talento, cooperação público-privada e sustentabilidade no setor da saúde.

Reformas na Saúde Pública: Desafios e Oportunidades Pós-Pandemia

O Professor André Peralta, Subdiretor Geral da Saúde, discursou na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde sobre as reformas necessárias na saúde pública portuguesa e europeia após a pandemia de COVID-19. Destacou a importância de aproveitar o momento pós-crise para implementar mudanças graduais, a necessidade de alinhamento com as reformas europeias e os desafios enfrentados pela Direção-Geral da Saúde.

Via Verde para Necessidades de Saúde Especiais: Inovação na Saúde Escolar

Um dos projetos apresentado hoje a concurso na 17ª Edição do Prémio Boas Práticas em Saúde, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar, foi o projeto Via Verde – Necessidades de Saúde Especiais (VVNSE), desenvolvido por Sérgio Sousa, Gestor Local do Programa de Saúde Escolar da ULS de Matosinhos e que surge como uma resposta inovadora aos desafios enfrentados na gestão e acompanhamento de alunos com necessidades de saúde especiais (NSE) no contexto escolar

Projeto Utente 360”: Revolução Digital na Saúde da Madeira

O Dr. Tiago Silva, Responsável da Unidade de Sistemas de Informação e Ciência de Dados do SESARAM, apresentou o inovador Projeto Utente 360” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas , uma iniciativa da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar (APDH). Uma ideia revolucionária que visa integrar e otimizar a gestão de informações de saúde na Região Autónoma da Madeira, promovendo uma assistência médica mais eficiente e personalizada

MAIS LIDAS

Share This