Em 2023, foram notificados 1.036 episódios de violência contra enfermeiros, médicos, assistentes técnicos e assistentes operacionais.
“Em termos de notificações, (…) os registos dos episódios de violência dizem-nos que 2022 foi o ano em que tivemos o maior número de registos – foram 1.632 – e no ano passado tivemos uma quebra de cerca de 37%”, adiantou à agência Lusa o coordenador do Gabinete de Segurança para a Prevenção e o Combate à Violência contra os Profissionais de Saúde, Sérgio Barata.
De acordo com o responsável, no último ano foi “desenvolvido um trabalho muito positivo”, indicando que ainda não são conhecidos os dados totais de 2023.
“Temos os dados apenas do primeiro semestre, [as autoridades] acompanharam 1.200 situações. Isto leva-nos a suspeitar (…) que o sistema de notificação precisa de ser melhorado. Isto, no fundo, alerta-nos para a necessidade de melhorarmos aqui o sistema, de facilitar a notificação, para termos números mais imediatos e não o desfasamento que neste momento temos”, salientou.
Desde 2022 até ao fim do primeiro semestre de 2023, foram denunciadas criminalmente 302 situações e abertos 62 processos de inquérito/disciplinares e 458 processos por acidente de serviço, tendo sido aferidos 4.040 dias de ausência ao trabalho em consequência de episódios de violência.
Segundo os dados da Direção-Geral da Saúde (DGS), a maioria das vítimas dos episódios de agressão notificados no ano passado são enfermeiros (35%), 3% assistentes técnicos e 10% assistentes operacionais.
Sobre as categorias profissionais, o coordenador disse que, desde 2020, têm vindo a aumentar o número de notificações dos assistentes técnicos e dos assistentes operacionais.
“Também tem que ter presente que, em termos absolutos, os enfermeiros (…) são os grupos profissionais com maior dimensão no Serviço Nacional de Saúde [SNS], portanto, é natural que, (…) por serem um dos primeiros rostos no atendimento dos doentes, tenham uma expressão ligeiramente superior às outras categorias profissionais”, referiu.
A violência psicológica (67%) é a que mais se evidencia nos dados dos episódios de violência notificados, seguindo-se a violência física (14%) e o assédio moral (5%).
“Em 81% das instituições é disponibilizado apoio psicológico, estes grupos disponibilizam também apoio jurídico – em 65% das instituições tem este apoio jurídico – e, portanto, quando os profissionais de saúde passam por alguma situação mais rapidamente informam e contactam estes grupos do que fazem o respetivo registo na plataforma da DGS”, observou.
Entre o início de 2022 e junho de 2023, as instituições de saúde acompanharam 3.024 casos, mais do que os verificados pela plataforma Notifica.
“Convém dizer que são números provisórios (…), ou seja, é possível que alguém durante o mês de janeiro notifique ainda. Utilizamos como tecnologia a data da ocorrência, ou seja, notifica ainda situações reportadas ao final do ano”, acrescentou.
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