Primeiro centro de investigação em terapia génica a funcionar a 100% em 2025

2 de Fevereiro 2024

 O primeiro centro de investigação dedicado à terapia génica do país, que representa um investimento de 38 milhões de euros, estará a funcionar a 100% em 2025, criando 80 postos de trabalho, anunciou esta sexta-feira o reitor da Universidade de Coimbra.

“É muito provável que isso aconteça no início do ano que vem, porque implica não só acabar outro edifício e prepará-lo, como outras instalações, e é necessário contratar pessoas. Diria que entre as contratações e a parte de equipamentos e edifício, dentro de um ano está a funcionar a 100%”, destacou Amílcar Falcão.

A Universidade de Coimbra apresentou hoje, em cerimónia que decorreu no Colégio da Trindade e contou com a presença da ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, o primeiro centro de investigação dedicado à terapia génica do país, que servirá para desenvolver tratamentos para doenças graves e atualmente sem tratamento.

O GeneT – Centro de Excelência em Terapia Génica em Portugal vai dedicar-se sobretudo às doenças raras, com condições para a realização de ensaios clínicos e produção de medicamentos, sendo financiado, ao longo de seis anos, com 38 milhões de euros, provenientes de financiamentos europeus e nacionais.

No final da cerimónia, o reitor da UC sublinhou que serão criados 80 postos de trabalho, nomeadamente investigadores, técnicos e outros ligados à execução do projeto.

“O ‘core’ será no edifício do UC MED, mas depois ficará espalhado por outras áreas da universidade, provavelmente por requisitos que têm a ver com o Infarmed, uma vez que nós vamos fazer produção [de fármacos] para administração em seres humanos e isso obriga a um conjunto de especificações para o qual o edifício do UC MED não foi preparado”, acrescentou.

O coordenador do GeneT e docente da UC, Luís Pereira de Almeida, esclareceu que este centro tem por objetivo produzir terapia génica.

“Há uma nova classe de medicamentos, que são medicamentos de terapia génica e que utilizam ácidos nucleicos genes RNA ou DNA para tratar doença. Em vez de utilizarmos o fármaco de baixo peso molecular, como é, por exemplo, o caso da aspirina ou ácido acetilsalicílico, aqui usamos DNA ou RNA”, disse.

De acordo com o professor da UC, esta é uma tecnologia nova, que tem produzido “resultados extraordinários”.

“Tem produzido curas e, em alguns casos, tratamentos extraordinariamente eficazes para doenças que eram mortais e muito graves”, vincou.

Aos jornalistas explicou que o centro em terapia génica terá três pilares, sendo o primeiro da investigação, em que pretende expandir a intervenção a outras doenças para além das doenças do cérebro, entre as quais hematológicas, hepáticas, metabólicas e de origem microbiológica.

O segundo pilar tem a ver com a produção dos vetores para investigação, a um preço mais reduzido.

“O terceiro pilar, que é fundamental para a translação, para chegar aos doentes, é uma unidade de ensaios clínicos. Precisamos de ter integrado no mesmo centro, não só a investigação de base fundamental e aplicada, mas também a produção e a translação para a clínica, ou seja, uma unidade de ensaios clínicos”, referiu.

A ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, realçou a importância de Portugal ter este tipo de projetos mobilizadores.

“São projetos que, para além de terem um financiamento superior aos projetos, até projetos europeus normais, é para um período de tempo também superior, de seis anos. E agrega não só investigadores nacionais e empresas nacionais, mas também outras universidades que estão muito à frente e que desenvolvem trabalho muito bom, especialmente nesta área da terapia genética”, concluiu.

LUSA/HN

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