Os detalhes são especificados no anúncio, consultado hoje pela Lusa, para escolha de um consultor que ajude na tarefa de dar à população “as melhores soluções digitais, de forma a melhorar o acesso aos cuidados de saúde”.
Uma atenção especial deve ser dada “às populações mais vulneráveis e às que não estão familiarizadas com as tecnologias digitais, em geral”.
A consultoria de quatro meses tem apoio do Banco Mundial e vem no seguimento da criação da Comissão Intersetorial de Coordenação e Acompanhamento da Estratégia Nacional de Saúde Digital (CICA-ENSD), em junho de 2023.
Ao mudar do papel para sistemas digitais, interligados de forma automática e em tempo real – seguindo as melhores práticas internacionais – o Governo espera também “dar transparência na gestão dos recursos, melhorar a resposta a doenças prioritárias e racionalizar decisões com base em dados concretos”.
Entre as novas funcionalidades previstas, está o ficheiro clínico único, contendo toda a informação do utente, acessível também em estruturas privadas de saúde.
Haverá ainda conhecimento em tempo real das listas de espera para consultas e exames complementares nos hospitais e centros de saúde, bem como a sua gestão direta, “trazendo maior eficiência e informação para melhores decisões”, espera o Governo.
Outra funcionalidade será um sistema integrado que permita gerir as transferências médicas, de modo a tornar o planeamento de viagens mais eficiente, integrando informação técnica, clínica e económico-financeira.
“O objetivo é registar a história e evolução clínica, acompanhamento de doentes, prescrição eletrónica, entre outros, nas diversas estruturas de saúde do país”, incluindo também um módulo dedicado aos nascimentos.
O sistema nacional de saúde (SNS) cabo-verdiano é constituído por dois hospitais centrais (Praia e Mindelo), quatro hospitais regionais, 32 centros de saúde, quatro centros de saúde reprodutiva, um centro de terapia ocupacional, um centro de saúde mental e 114 unidades básicas de saúde.
A implementação da estratégia digital deverá implicar investimentos na ligação dos diferentes serviços, porque só alguns têm acesso a comunicações em banda larga, que permitem rapidez e usar serviços com imagem.
O processo de informatização do SNS iniciou-se em 2004, na sequência de um problema técnico no Hospital Agostinho Neto (Praia).
Na altura, perderam-se todos os dados dos doentes, bem como informação estatística, o que obrigou à implementação de um sistema remoto.
O processo desenvolveu-se ao longo dos anos com a integração de diferentes módulos de gestão, da área financeira à médica.
O Governo tem apostado na digitalização de toda a administração pública, com impacto na saúde, iniciando-se, por exemplo, a implementação de um módulo digital de gestão de serviços, testado no Hospital Regional de Santa Rita Vieira (ilha de Santiago).
Um outro módulo de gestão de laboratórios também já foi finalizado.
LUSA/HN
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