A cirurgia, denominada pieloplastia desmembrada, foi realizada por uma equipa do departamento de Cirurgia Pediátrica do Hospital de D. Estefânia, dirigida por Sofia Ferreira Lima, no bloco operatório do Hospital de Curry Cabral, que integram a Unidade Local de Saúde (ULS) São José, em Lisboa.
Em declarações à agência Lusa, a cirurgiã Sofia Ferreira Lima explicou que a pieloplastia desmembrada é uma cirurgia para retirar uma obstrução que impede a saída da urina do rim e reconstruir a ligação entre o bacinete e o uretero, para que a urina saia sem obstáculo.
A mãe da jovem contou à Lusa que a filha começou com dores e pensava que era uma apendicite aguda, “mas na realidade estava com uma cólica renal”.
“Foi operada na sexta-feira e teve alta na segunda-feira. Está a recuperar muito bem, não sei como seria se não tivesse sido por robótica”, disse, justificando: “Pelo que tenho lido, e pelo conhecimento que tenho, sei que é a maneira menos invasiva possível”.
Sofia Ferreira Lima contou que a jovem está a tirar o curso de bailarina e faz cinco horas de desporto diariamente, apresentando todas as vantagens em ser operada com recurso a robótica, que garante uma recuperação mais rápida.
“É uma cirurgia inovadora que em pediatria vai um bocadinho ‘entre aspas’ atrás dos adultos – em que é sempre mais fácil de desenvolver porque são maiores -, mas a pediatria está também a andar e a desenvolver”, começando sobretudo nos doentes mais velhos, adiantou.
Segundo a cirurgiã, a vantagem é ser uma cirurgia minimamente invasiva, evitando incisões grandes, e com ganho na recuperação do doente.
“Está demonstrado na evidência científica que os doentes têm menos tempo de internamento, geralmente também têm menos dor, portanto, menos necessidade de medicação analgésica e conseguem voltar às atividades do dia-a-dia e ao desporto mais rápido”, realçou.
Por outro lado, disse, “a robótica tem visualização 3D”, o que permite uma grande precisão na definição da visão e os cirurgiões conseguem “operar com grande detalhe anatómico”, facilitando também “a forma de operar”.
Também tem vantagens na ergonomia a operar e inclui instrumentos articulados, com apenas oito milímetros de diâmetro, controláveis numa consola por comandos que replicam os movimentos da mão do cirurgião, permitindo em todo o ato cirúrgico uma maior autonomia, movimentos sem tremor e de elevada precisão.
“Os gestos são muito mais fáceis de fazer e isso tem um ganho para o doente, também permite menos perdas de sangue”, bem como possibilita ao médico fazer um maior uso das duas mãos.
Segundo Sofia Ferreira Lima, o cirurgião opera “num conforto completamente diferente da laparoscopia [também uma cirurgia minimamente evasiva], em que muitas vezes as cirurgias são longas porque são difíceis”.
“Existem até estudos a falar da dor muscular com que os cirurgiões saem da laparoscopia”, observou.
“Portanto, acabamos uma cirurgia, que sendo mais ou menos longa, completamente diferente (…) e quando é melhor para o cirurgião os resultados são sempre melhores para os doentes”, concluiu a cirurgiã, que foi acompanhada na cirurgia pela especialista Leonor Torres e pelo urologista João Magalhães Pina.
O Centro de Cirurgia Robótica da ULS São José, pioneiro no Serviço Nacional de Saúde, é utilizado nas especialidades de Urologia, Hepatobiliar, Pancreática, Colorretal, Obesidade, Esofagogástrica, Ginecologia, Torácica e Cirurgia Pediátrica.
Em 2023, realizaram-se cerca de 500 cirurgias no Centro de Cirurgia Robótica da ULS São José, antigo Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central.
LUSA/HN
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