Cólera está a aumentar exponencialmente pelo mundo, principalmente em África

21 de Março 2024

Os casos de cólera estão a aumentar exponencialmente no mundo, principalmente na República Democrática do Congo, Etiópia, Somália, Sudão, Zâmbia, Zimbabué, Haiti e Síria, anunciou quarta-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS).

A OMS, a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, os Médicos Sem Fronteiras (MSF) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) fazem parte do Grupo Internacional de Coordenação (ICG) para a Disponibilização de Vacinas, que gere a reserva mundial de vacinas contra a cólera.

“É necessária uma ação imediata para travar” este aumento de casos em todo o mundo, segundo o ICG, citado no comunicado da OMS.

Para tal, é crucial que se invista no acesso a água potável, saneamento e higiene, em testar e detetar rapidamente os surtos, melhorar a qualidade e o acesso aos cuidados de saúde e acelerar a produção adicional de doses acessíveis da vacina oral contra a cólera (VCO), declarou a OMS.

A Gavi, a Aliança para as Vacinas, financia a reserva de vacinas e a distribuição da VCO, mas apenas existe um fabricante das mesmas, a EuBiologics.

Desta forma, a OMS exortou que fosse aplicada nas vacinas para a cólera a mesma “urgência e inovação” das vacinas para a covid-19 no passado.

“Os membros do ICG apelam aos governos, doadores, fabricantes de vacinas, parceiros e comunidades para que se juntem num esforço urgente para travar e inverter o aumento da cólera”, referiu a OMS.

Os dados preliminares relativos a 2023 da OMS revelam mais de 700.000 casos registados.

De acordo com a OMS, vários dos surtos têm elevadas taxas de mortalidade.

“Estas tendências são trágicas, dado que a cólera é uma doença evitável e tratável e que os casos tinham vindo a diminuir nos anos anteriores”, referiu a OMS.

A cólera é uma infeção intestinal aguda que se propaga através de alimentos e água contaminados com fezes que contêm a bactéria Vibrio cholerae.

Embora estejam a ser feitos esforços para que se aumente a higiene e o acesso a água potável, em algumas regiões estas carências estão a aumentar, “impulsionadas por fatores relacionados com o clima, a insegurança económica, os conflitos e a deslocação da população”, explicou.

“A gestão segura da água e do saneamento é um pré-requisito para travar a transmissão da cólera”, declarou.

Outra preocupação é a “grave lacuna no número de doses de vacinas disponíveis, em comparação com o nível de necessidade atual”, referiu.

“Entre 2021 e 2023, foram solicitadas mais doses para a resposta a surtos do que em toda a década anterior”, declarou.

Por isso, em outubro de 2022, a atual escassez de vacinas obrigou o GCI a recomendar uma dose única de vacina, em vez do anterior regime de duas doses.

“As campanhas de vacinação preventiva tiveram de ser adiadas para preservar as doses para os esforços de controlo dos surtos de emergência, criando um círculo vicioso”, alertou.

A OMS referiu ainda que se prevê que “a capacidade de produção global em 2024 seja de 37 a 50 milhões de doses, mas é provável que continue a ser inadequada para satisfazer as necessidades de milhões de pessoas diretamente afetadas pela cólera”.

LUSA/HN

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