Médicos do hospital de Loures estão a apresentar escusa de responsabilidade

21 de Março 2024

A presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fnam) avançou hoje que médicos do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, estão a entregar escusa de responsabilidade por considerarem que faltam condições para realizar atos médicos em segurança.

Joana Bordalo e Sá falava à agência Lusa a propósito dos longos tempos de espera para os doentes triados com pulseira amarela (urgente) no Hospital Beatriz Ângelo, que às 13:50 se situavam nas 17 horas e 16 minutos, com 55 pessoas a aguardar para serem examinadas por um médico.

Segundo a dirigente sindical, esta situação deve-se à falta de médicos de família na zona de Loures e de especialistas hospitalares, em particular neste hospital que agora integra a Unidade Local de Saúde (ULS) Loures-Odivelas.

“Quando faltam médicos nos cuidados de saúde primários é óbvio que há uma maior afluência depois aos serviços de urgência, porque as pessoas querem ver os seus problemas de saúde, que estão agudizados, resolvidos”, salientou.

“Por estarem tão sobrecarregados e entenderem que são em número insuficiente e que não estão a conseguir dar resposta e fazer o ato médico em segurança, os médicos estão a colocar minutas de escusa de responsabilidade”, realçou Joana Bordalo e Sá.

O Hospital Beatriz Ângelo informou, numa resposta à Lusa, que o tempo de espera se deve à afluência de doentes ao Serviço de Urgência Geral se manter “muito elevada” e o internamento estar sobrelotado, “o que dificulta a circulação de doentes da urgência com necessidade de permanência no hospital”.

A sindicalista disse entretanto ter conhecimento que o hospital tem 30 camas vazias por falta de pessoal, nomeadamente de médicos, e outras 30 ocupadas com casos sociais.

No total são 60 camas que podiam estar ocupadas com os doentes que estão na urgência e necessitam de ser internados “se houvesse um corpo clínico capaz de dar resposta”, adiantou.

“Nestes últimos dias temos quase 200 doentes que estão no serviço de urgência, 80 deles estão internados num serviço de urgência à espera de uma vaga e não sobem para a vaga de internamento, porque não há médicos para olhar por essas vagas”, disse a presidente da Fnam.

Além destes doentes, há ainda outros à espera de reavaliação para saber se ficam internados ou se têm alta, “o que faz com que haja um atraso no tempo de espera muito elevado”.

“Doentes que são triados com pulseira amarela, que é uma gravidade moderada, estão há 22 horas à espera para serem vistos, sendo que doentes até referenciados pela linha do SNS estão cerca de 21 horas à espera e tudo por falta de médicos”, alertou Joana Bordalo e Sá.

Segundo a líder sindical, há constrangimentos em vários hospitais do país, mas a situação mais grave é em Loures.

“É uma situação extremamente dramática” que resulta de um “culminar de políticas de saúde que não resolveram o problema dos médicos”, lamentou.

Joana Bordalo e Sá garantiu que a Fnam vai continuar a exigir ao novo Governo a melhoria das condições de trabalho e dos salários para que haja clínicos em número suficiente no SNS, considerando que uma reunião com os médicos para resolução dos seus problemas deve ser “das primeiras prioridades do próximo ministro ou da próxima ministra da Saúde”.

LUSA/HN

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