Na primeira entrevista desde que foi eleito para o cargo, no passado dia 23 de março no Congresso Nacional do SIM, Nuno Rodrigues, de 41 anos, adiantou que foi desenhado um plano de ação que visa atingir a médio prazo estes três objetivos para os médicos, contando para isso com “uma postura de diálogo dos vários governos”.
Segundo o médico de saúde pública, o SIM tem “várias mesas negociais ativas”, entre as quais com o Governo da República, com os governos regionais da Madeira e dos Açores, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), porque “há um conjunto de problemas e de situações” que o sindicato está empenhado em resolver neste mandato.
Relativamente à saída de especialistas do Serviço Nacional de Saúde (SNS), o líder sindical disse que se forem dadas melhores condições de trabalho, de salários e de carreira os médicos ficam no SNS.
O especialista observou que, ao contrário de outras carreiras, apenas uma pequena minoria dos médicos consegue alcançar a última categoria da carreira (assistente graduado sénior).
Citando dados da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) de setembro de 2023, Nuno Rodrigues precisou que apenas 1.607 médicos, representando 7,5% do total, estão na categoria de assistente graduado sénior, um número que tem vindo a reduzir-se todos os anos devido às reformas e ausência de concursos.
Segundo os dados, 8.244 médicos (38,4%) estão na categoria de assistente graduado e 11.611 (54,1%) na categoria de assistente.
“Mais de 50% dos médicos estão na primeira categoria da carreira. E, portanto, como é que nós queremos oferecer uma perspetiva de longo prazo quando não há concursos ou quando os concursos abrem são com poucas vagas? Não podemos”, declarou o médico que exerce na Unidade Local de Saúde do Oeste, pedindo que “os concursos sejam sistemáticos, com um número adequado às necessidades do país.
Além disso, mais de 70% dos médicos nunca foram avaliados pelo seu desempenho, essencial para a progressão dentro de cada categoria, disse, considerando que esta matéria também é “um dos aspetos cruciais que é preciso resolver”.
As condições de trabalho dos médicos internos foi outra questão destacada por Nuno Rodrigues, defendendo que devem ser melhoradas para que optem por ficar no SNS no final do internato.
Lembrou um estudo recente apoiado pelo SIM sobre as condições de trabalho dos internos durante a pandemia que demonstrou de “uma forma científica, clara e abrangente que os médicos internos realmente trabalham muito mais horas do que está previsto (40 horas)” e que “investem imenso dinheiro na sua formação”.
“Não compreendemos que se possa pensar, como foi dito em algumas propostas eleitorais, que sejam obrigados depois de tanto esforço financeiro, pessoal, familiar a continuar no SNS. O que nós queremos é melhores condições no Serviço Nacional de Saúde para que voluntariamente decidam permanecer”, vincou.
Nuno Rodrigues recordou que no acordo intercalar alcançado entre o SIM e o anterior Governo no final de 2023 foi conseguido um aumento na remuneração dos internos, sendo uma questão que o sindicato vai continuar a batalhar.
“É insustentável o SNS neste momento sem os internos” que representam um terço do total de médicos do Serviço Nacional de Saúde”, disse Nuno Rodrigues, que é o quarto secretário-geral do SIM, desde a sua fundação em 1979.
Membro do Secretariado Nacional do SIM desde 2018, Nuno Rodrigues substituiu Jorge Roque da Cunha.
LUSA/HN
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