Embora não seja “um assunto puramente sindical”, cabendo ao Governo decidir o futuro da Direção Executiva do SNS, a médica Joana Bordalo e Sá, presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), conversou com o HealthNews sobre a atuação da DE-SNS, que anunciou hoje a sua demissão: “mostrou ser uma estrutura, apesar de tudo, pouco funcional e bastante pesada, e que acabou por esvaziar outras estruturas que existiam e que funcionavam e funcionam no terreno, como a Direção-Geral da Saúde, a ACSS, a própria ARS, concentrando ali uma série de poderes”. E embora tivesse recursos humanos e financeiros próprios, “acabaram por não se refletir, se calhar, em melhores cuidados de saúde para a população”.
“Passou a haver um total de 39 ULS a partir de 1 de janeiro e a verdade é que nós estamos a terminar o mês de abril e sabemos que há uma grande desorganização” – “não atualizaram, por exemplo, os vencimentos aos médicos de família na zona centro e na zona sul do país”, alertou Joana Bordalo e Sá.
Outra situação que “também não terá corrido bem”: a reorganização dos serviços de urgência. Recorda a presidente da FNAM que, “por haver falta de médicos e por nada ter sido feito para garantir médicos no SNS, acabou por ter que reorganizar os serviços de urgência, que começaram a encerrar por falta de médicos, sobretudo na área materno infantil, obstetrícia, pediatria, no interior, em Lisboa e Vale do Tejo. Portanto, essa reorganização de serviços acabou por ser encerramento de serviços onde a população ficou a descoberto”.
No futuro, “qualquer que seja a estrutura, vai ter sempre muitas dificuldades se nós não tivermos o primordial, que é recursos humanos no terreno, nas bases, e neste caso estamos a falar de médicos – que sabemos que estão em falta no Serviço Nacional de Saúde –, com equipas completas, com equipas motivadas”. “Sem a base, independentemente da organização, da estrutura, da governação, de haver Direção Executiva, de não haver Direção Executiva, nunca se vai conseguir uma reforma correta no Serviço Nacional de Saúde e aquilo que a população precisa”, reforçou a médica.
Joana Bordalo e Sá disse que “cabe ao novo Governo e à ministra da Saúde decidir que rumo querem dar ao Serviço Nacional de Saúde, com ou sem Direção Executiva, e também que rumo querem dar aos médicos”.
HN/Rita Antunes
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