Melba Care e revista Inklusão juntam-se a iniciativas pela consciencialização do Albinismo em Angola

7 de Junho 2024

Assinala-se no próximo dia 13 de junho o Dia Mundial da Consciencialização do Albinismo, mas as iniciativas de divulgação em torno desta condição genética, que contam com a participação da Melba Care e da revista Inklusão, arrancam já a 8 de junho. O programa de iniciativas inclui um conjunto de rastreios em várias unidades de saúde de Luanda e ainda a realização da 3.ª Conferência Nacional sobre Albinismo em Angola.

No sábado, dia 8 de junho, vão decorrer vários rastreios de cancro da pele na Província de Luanda, mais concretamente no Hospital Josina Machel, Hospital Geral de Luanda, Hospital Geral dos Cajueiros, Hospital Municipal de Cacuaco, Hospital de Kapalanga, Hospital Geral de Viana no Zango e nos centros de Saúde da Samba e da Terra-Nova. Além disso, vão ainda realizar-se, até às 14 horas, consultas gratuitas nos hospitais de Benguela, Huíla, Malanje, Bengo e no Hospital Municipal de Cachiungo (Huambo).

Um dos principais objetivos desta ação reside na necessidade de dar a conhecer à população os cuidados especiais que devem ter as pessoas com albinismo, nomeadamente ao nível da proteção da pele e dos olhos.

Ludemila Vaz Velho, responsável da Melba Care e da revista Inklusão, recorda que “ainda há todo um conjunto de mitos em torno do Albinismo que é urgente desmistificar”. E, por isso, assevera, “é fundamental combater o estigma, discriminação e falta de acesso a cuidados de saúde adequados a que são submetidas as pessoas com albinismo”.

Também por essa razão, a responsável da marca de cosméticos, com uma gama de produtos especialmente vocacionada para as pessoas com Albinismo, vai marcar presença nestes rastreios. “Vamos distribuir kits de produtos Melba Care, os quais incluem cremes e protetores solares, essenciais para a proteção da pele das pessoas com albinismo”, frisa.

Adicionalmente, e sempre com o foco na necessidade de consciencializar a população para a realidade desta condição genética, Ludemila Vaz Velho irá igualmente distribuir exemplares da revista Inklusão, uma publicação que “procura ser um contributo para desmistificar uma condição genética que deve ser encarada como algo quase normal”. “Vamos estar presentes nos rastreios e na 3.ª Conferência Nacional sobre Albinismo em Angola, pois consideramos importante envolver todos os parceiros, que têm sido inexcedíveis no apoio que nos têm dado, numa luta que tem ainda um longo caminho a percorrer”.

Assim, estas iniciativas no âmbito do Dia Mundial da Consciencialização do Albinismo são, também, uma oportunidade para discutir os desafios e avanços na proteção e Inklusão das pessoas com albinismo em Angola.

O albinismo, recorde-se, é uma condição rara, não contagiosa e herdada geneticamente, presente desde o nascimento e que ocorre um pouco por todo o mundo, com mais ou menos incidência consoante a região do globo. No entanto, a maneira como o albinismo é percebido e vivido pode variar dramaticamente. No continente africano, e em Angola, mais particularmente, as pessoas com albinismo, por desconhecimento do que é, efetivamente, esta condição genética, são alvo de discriminação e até perseguição, em virtude dos mitos associados ao Albinismo.

O desconhecimento e desinformação em torno do albinismo é, desde logo, um dos principais obstáculos à aceitação da alteração genética. Este é um problema acrescido quando estamos perante casos ocorridos em comunidades ou países com menores índices de desenvolvimento, com menos conhecimentos em torno do albinismo. E, sobretudo, onde os mitos tribais ainda têm um peso particularmente importante na cultura e sociedade em questão.

É igualmente frequente a violação de mulheres albinas, por se acreditar que a prática de sexo com elas purifica o corpo e pode curar, por exemplo, o vírus do VIH/SIDA. Também por isso, é usual o rapto e tráfico de mulheres para práticas sexuais. São ainda significativos os registos de raptos de crianças albinas, as quais após serem mortas são esquartejadas e os seus órgãos vendidos no mercado negro, onde atingem valores elevadíssimos, por se acreditar que podem ser usados na prática de rituais mágicos com vista à purificação e cura de determinadas doenças.

“Há ainda imenso trabalho a fazer na consciencialização desta condição genética, na mudança de mentalidades e na consciencialização de que as pessoas com albinismo ‘apenas’ precisam de ter cuidados especiais ao nível da saúde, dado que, no resto, são pessoas perfeitamente normais”, frisa Ludemila Vaz Velho.

PR/HN

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