Estudo estima que vacinação nas farmácias tenha poupado 2,4 milhões de euros aos utentes

18 de Junho 2024

O alargamento da vacinação contra a Covid-19 e a gripe às farmácias gerou uma potencial poupança de 2,4 milhões de euros para os utentes e de 310.000 horas de trabalho de profissionais no SNS, revela um estudo hoje divulgado.

O estudo da Associação Nacional de Farmácias (ANF) avaliou o impacto da participação das farmácias comunitárias na campanha de vacinação sazonal de 2023/24, em colaboração com o Serviço Nacional de Saúde.

Realizado pelo Centro de Estudos e Avaliação em Saúde (CEFAR), o estudo, que é apresentado hoje, em Lisboa, na Conferência “Vacinação Sazonal – Há mais Saúde na Farmácia”, promovida pela ANF, visou também conhecer a população elegível e quais os fatores associados à intenção e à hesitação vacinal, bem como avaliar a satisfação das pessoas e o contributo do modelo de colaboração das farmácias na saúde pública.

Os resultados sugerem que “a política de alargamento da vacinação às farmácias contribuiu para a cobertura vacinal, melhorou a acessibilidade e a coesão territorial, registando elevados níveis de satisfação da população”.

Em declarações à agência Lusa, a presidente da ANF, Ema Paulino, adiantou que o estudo também analisou “alguns indicadores de poupança” para o SNS, e, particularmente, para os utentes pelo facto de, pela primeira vez, terem podido escolher este ano o local onde pretendiam ser vacinados.

Ema Paulino realçou a estimada poupança direta para os utentes na ordem dos 2,4 milhões de euros “só em deslocações, incluindo transportes públicos, carros e táxis”.

A responsável recordou que havia utentes elegíveis para a vacinação contra a gripe com maior dificuldade de se deslocarem ao centro de saúde pela distância ou pelos horários de funcionamento, os quais optavam por ir à farmácia pagando a parte não comparticipada da vacina e o próprio serviço de administração da vacina.

“Portanto, houve uma poupança para as pessoas que voltaram a eleger a farmácia comunitária como local de vacinação contra a gripe, mas que este ano não tiveram de suportar esses encargos”, na sequência da colaboração das farmácias com o SNS.

O estudo identificou “que uma percentagem muito superior de pessoas (cerca de 55%) foi a pé até a farmácia comunitária para se vacinarem”, quando na época vacinal de 2022/2023 foram apenas 20%, salientou.

Por outro lado, houve pessoas que não tiveram de faltar, por exemplo, ao trabalho para se dirigir ao centro de saúde para serem vacinadas.

A presidente da ANF destacou também o impacto da vacinação nas farmácias na atividade assistencial do SNS: “Estimamos que as farmácias tenham permitido libertar cerca de 310 mil horas de trabalho de recursos humanos no Serviço Nacional de Saúde”.

“Isto representa 685 recursos a tempo inteiro durante três meses que estariam alocados à vacinação e que puderam ser redirecionados para outros atos, nomeadamente nos centros de saúde, representando aproximadamente 10% da capacidade de prestação”, salientou.

Ema Paulino destacou também os resultados do estudo de satisfação que demonstrou que “mais de 94% da população concordou com este alargamento da vacinação para as farmácias comunitárias” e, particularmente, com a proximidade, os horários “e também a confiança no profissional de saúde que administrava as vacinas que permitiu mais uma vez a Portugal superar os objetivos em termos de cobertura vacinal”, sublinhou.

Segundo dados da Direção-Geral da Saúde, foram vacinadas 2.494.957 pessoas contra a gripe, e 1.992.260 contra a covid-19.

“Foi um primeiro ano que correu muitíssimo bem e o contributo das farmácias é inegável. Administramos cerca de 70% das vacinas contra a gripe e contra a covid-19, mas pretendemos identificar os principais constrangimentos e continuar a combater, eventualmente, alguma hesitação vacinal e alguma saturação vacinal particularmente relacionada com as vacinas covid-19”, disse Ema Paulino.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

LIVRE questiona Primeiro-Ministro sobre a privatização do Serviço Nacional de Saúde

Durante o debate quinzenal na Assembleia da República, a deputada do LIVRE, Isabel Mendes Lopes, dirigiu questões ao Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, relativamente a declarações proferidas pelo diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), António Gandra d’Almeida, esta manhã, em Atenas, num evento da Organização Mundial de Saúde.

Ana Paula Gato defende fortalecimento dos centros de saúde no SNS

Ana Paula Gato, enfermeira e professora coordenadora na Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal, apresentou  uma análise detalhada do Relatório do Observatório da Fundação Nacional de Saúde, numa iniciativa realizada no Auditório João Lobo Antunes da Faculdade de Medicina de Lisboa. A sua intervenção focou-se na importância dos centros de saúde como pilar fundamental do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e na necessidade de reforçar os cuidados de proximidade.

MAIS LIDAS

Share This