Rufino Silva promete “investir de forma inovadora na formação” dos membros da SPO

10/08/2020
Rufino Silva é médico oftalmologista com mais de 30 anos de experiencia e o atual vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, associação à qual concorre agora ao cargo de presidente. […]

Rufino Silva é médico oftalmologista com mais de 30 anos de experiencia e o atual vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, associação à qual concorre agora ao cargo de presidente. Conhecedor da Sociedade, por dentro e por fora, o Dr. Rufino é até à data o único candidato oficializado. Com uma lista que integra alguns dos mais consagrados médicos oftalmologistas do país, estabelecidos do Minho ao Algarve, o candidato pretende investir ainda mais na formação contínua destes profissionais de saúde e promete escutar as suas necessidades.

 Healthnews (HN) – O Dr. é atualmente o vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO), e candidata-se agora ao cargo de presidente. Em retrospetiva, o que destacaria do seu mandato enquanto vice-presidente?
Dr. Rufino Silva (RS) – Fui no último biénio vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, termina agora em dezembro o mandato. Durante o primeiro ano foi possível realizar as atividades a que nos tínhamos proposto, mas no segundo ano, devido à pandemia, houve uma interrupção. Veio o confinamento e a partir daí foi difícil manter todas as atividades programadas e tivemos  que cancelar grande parte da atividade científica que estava programada. Isto foi algo comum a várias sociedade a nível internacional.

Há um aspeto que queria ressaltar, é que ainda antes do confinamento a SPO emitiu um comunicado aos oftalmologistas com as medidas e normas de segurança que deveriam seguir nos seus atos médicos; portanto, na clínica, no consultório, nos hospitais… E que ainda hoje se mantêm. Na altura houve quem julgasse que pudessem ser demasiado drásticas mas, de facto, vieram-se a provar as necessárias e as adequadas. Mais tarde o colégio da especialidade também se associou e emitiu normas semelhantes, e trabalhou-se em conjunto com o colégio da especialidade para que todos os oftalmologistas se sentissem seguros na sua atividade, e para que preservassem a saúde e segurança dos doentes também.

HN – E qual é a relevância e a importância da SPO, sobretudo agora, no contexto de pandemia?
RS – A SPO tem como uma das suas funções a formação científica dos seus sócios, a preservação da saúde da população, ajudar a definir normas de funcionamento e estabelecer parcerias com as entidades regulamentares e governamentais. Neste momento de grande instabilidade e insegurança, e em que é preciso improvisar com segurança, a SPO tem uma grande importância. E porquê? Porque reúne o saber. São cerca de 1.100 oftalmologista, que fazem um corpo clínico enorme e de grande experiência que pode, e está, a ser muito útil para a sociedade.

HN – O Dr. conhece bem e por dentro a SPO. No seu ponto de vista, quais são os pontos fortes, os pontos fracos, e aquilo que há que mudar?
RS – Há um aspeto que a Sociedade faz tradicionalmente que consiste em organizar congressos que tenham que ver com a formação científica, e é uma sociedade muito produtiva nesse aspeto. Temos várias subespecialidades dento da especialidade, e durante o ano estas especialidades vão efetuando esta atividade formativa com os próprios membros e com colaborações internacionais. Ora, isto foi interrompido a partir de março, mas não é porque a sociedade tenha falhado, foi apenas porque a realidade o impôs.
Aquilo que pretendemos, e vamos fazer quando assumirmos o nosso mandato no próximo biénio, é investir de forma inovadora na formação. Repare que neste período ficámos todos mais familiarizados com as novas tecnologias e mesmo com algumas que já existiam mas das quais estávamos afastados. Tivemos que adotá-las no ensino e também na medicina, pelo que para nós é agora quase normal. Claro que o contracto direto é sempre melhor e preferível, gostaríamos todos de viajar e confraternizar com os nossos colegas a nível nacional e internacional, mas além de estabelecer estas reuniões, o que gostaríamos de fazer seria inovar na formação. Portanto, todos os conteúdos produzidos – até porque somos uma sociedade muito rica profissionalmente, com colegas de grande nível internacional – têm que ser organizados. Este saber, dos nossos colegas, tem que ser organizado e tem que ser estruturado.
É esse o nosso grande investimento. É tornar a formação contínua dos nossos oftalmologistas não só dependente dos congressos, mas também de plataformas internacionais e nacionais, com conteúdos das mesmas origens, que ficarão devidamente acessíveis, à distância de um clique. Alguns destes conteúdos seriam criados por nós, outros seriam obtidos em parcerias com plataformas e colegas a nível internacional, com quem temos relações.

HN – É essa a principal medida que pretende implementar?
RS – Absolutamente, a formação é mesmo muito importante.

Vamos também defender a saúde da população. Isto tem que ver com o ato médico da oftalmologia ser exclusivo a médicos oftalmologistas. Estes são médicos que têm uma formação extensíssima: têm a faculdade de seis anos, mais um ano ou dois de internato e depois mais quatro de faculdade. Só ao fim destes 10 a 12 anos é que está apto a atuar como profissional de saúde na área da oftalmologia de maneira autónoma. Isto exige mesmo muito conhecimento, e nós queremos que a saúde ocular dos portugueses seja de grande qualidade.

HN – Mas os obstáculos a esta qualidade de que fala são o quê, a proliferação e diversidade de oferta de serviços por parte dos optometristas?
RS – Esse pode ser um exemplo. Nós queremos que cada profissional tenha o seu ramo, e portanto não podemos colocar alguém que não está preparado para fazer o diagnóstico de uma doença a realizar um tratamento. Os médicos prescrevem, mas não vendem.

Tem que haver uma separação. Estamos preparados para prevenir, diagnosticar e tratar, e os outros técnicos profissionais estarão preparados para executar e vender. Há técnicos que trabalham com os oftalmologistas, e tudo é perfeitamente correto, desde que trabalhemos em cooperação, embora com os campos bem definidos. Isto é um benefício enorme para a saúde dos portugueses.

HN – E que mais medidas gostaria de apresentar?
RS – Nós temos sempre um grande respeito por quem veio antes de nós. Estas são pessoas que dão o seu tempo, o seu melhor e de forma gratuita, em prol dos outros membros da sociedade. Portanto, eu estou convencido de que todos deram o seu melhor, assim como nós daremos o nosso melhor. Cada equipa trás ideias inovadoras que vai tentar implementar. Para nós falta ter acesso de forma muito simples e prática à melhor informação disponível. Vamos defender também a saúde dos portugueses prestada pelos oftalmologistas, e vamos auscultar os oftalmologistas e manter um contacto direto com eles ao longo do ano., 365 dias. Estas são as medidas que queria apresentar agora.

Para fazer isto precisamos de uma equipa que seja forte. É assim mesmo a equipa que vamos apresentar, que, aliás, já está selecionada, como é do domínio público. Tratam-se de oftalmologistas de grande mérito profissional, pessoal e associativo a nível nacional e internacional, provenientes do Minho ao Algarve, que conhecem bem a oftalmologia portuguesa e cada oftalmologista – são escolhidos entre os melhores.
Queremos que esta direção seja forte, que transmita estabilidade, segurança e que seja capaz de inovar, porque é preciso imaginação para inovar. É preciso aproveitar este momento de alguma instabilidade e insegurança para fazer dele uma força. É aí que vamos conseguir inovar. Temos uma equipa ágil e dinâmica, forte e estável e estou confiante de que vamos conseguir.

HN – E quem são alguns destes profissionais que já fazem parte da sua lista?
RS – Temos connosco o Dr. Pedro Menéres do Hospital de Santo António, o Prof. Manuel Falcão do Hospital de São João, a Profª. Lilianne Duarte do Hospital de Sta. Maria da Feira, O Dr. Fernando Trancoso Vaz do Hospital Amadora Sintra, vice-presidente, e a Dra. Ana Vide Escada do Hospital Garcia de Orta, em Almada. É esta a comissão central, mais a Dra. Ana Magriço do Centro Hospitalar de São José, que será a Secretária Geral.

Há um grande entusiasmo por parte da nossa equipa e há também a perceção de que a sociedade precisa neste momento de uma equipa que seja capaz de gerir este processo neste tempo. Tem que ser uma equipa que transmita ao mesmo tempo uma noção de estabilidade e fortaleza, de segurança e que seja capaz de inovar. E eu considero que a nossa equipa tem todas estas caraterísticas. São pessoas de reconhecido mérito às quais se juntarão muitos mais outros que não vou mencionar ainda, e que serão capazes do melhor. O que queremos é auscultar cada sócio e integrar novas ideias conceitos e conhecimentos.

Entrevista de João Ruas Marques

 

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Projeto IDE: Inclusão e Capacitação na Gestão da Diabetes Tipo 1 nas Escolas

A Dra. Ilka Rosa, Médica da Unidade de Saúde Pública do Baixo Vouga, apresentou o “Projeto IDE – Projeto de Inclusão da Diabetes tipo 1 na Escola” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde. Esta iniciativa visa melhorar a integração e o acompanhamento de crianças e jovens com diabetes tipo 1 no ambiente escolar, através de formação e articulação entre profissionais de saúde, comunidade educativa e famílias

Percursos Assistenciais Integrados: Uma Revolução na Saúde do Litoral Alentejano

A Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano implementou um inovador projeto de percursos assistenciais integrados, visando melhorar o acompanhamento de doentes crónicos. Com recurso a tecnologia digital e equipas dedicadas, o projeto já demonstrou resultados significativos na redução de episódios de urgência e na melhoria da qualidade de vida dos utentes

Projeto Luzia: Revolucionando o Acesso à Oftalmologia nos Cuidados de Saúde Primários

O Dr. Sérgio Azevedo, Diretor do Serviço de Oftalmologia da ULS do Alto Minho, apresentou o projeto “Luzia” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde. Esta iniciativa inovadora visa melhorar o acesso aos cuidados oftalmológicos, levando consultas especializadas aos centros de saúde e reduzindo significativamente as deslocações dos pacientes aos hospitais.

Inovação na Saúde: Centro de Controlo de Infeções na Região Norte Reduz Taxa de MRSA em 35%

O Eng. Lucas Ribeiro, Consultor/Gestor de Projetos na Administração Regional de Saúde do Norte, apresentou na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde os resultados do projeto “Centro de Controlo de Infeção Associado a Cuidados de Saúde na Região Norte”. A iniciativa, que durou 24 meses, conseguiu reduzir significativamente a taxa de MRSA e melhorar a vigilância epidemiológica na região

Gestão Sustentável de Resíduos Hospitalares: A Revolução Verde no Bloco Operatório

A enfermeira Daniela Simão, do Hospital de Pulido Valente, da ULS de Santa Maria, em Lisboa, desenvolveu um projeto inovador de gestão de resíduos hospitalares no bloco operatório, visando reduzir o impacto ambiental e económico. A iniciativa, que já demonstra resultados significativos, foi apresentada na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde, promovida pela Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar

Ana Escoval: “Boas práticas e inovação lideram transformação do SNS”

Em entrevista exclusiva ao Healthnews, Ana Escoval, da Direção da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar, destaca o papel do 10º Congresso Internacional dos Hospitais e do Prémio de Boas Práticas em Saúde na transformação do SNS. O evento promove a partilha de práticas inovadoras, abordando desafios como a gestão de talento, cooperação público-privada e sustentabilidade no setor da saúde.

Reformas na Saúde Pública: Desafios e Oportunidades Pós-Pandemia

O Professor André Peralta, Subdiretor Geral da Saúde, discursou na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde sobre as reformas necessárias na saúde pública portuguesa e europeia após a pandemia de COVID-19. Destacou a importância de aproveitar o momento pós-crise para implementar mudanças graduais, a necessidade de alinhamento com as reformas europeias e os desafios enfrentados pela Direção-Geral da Saúde.

Via Verde para Necessidades de Saúde Especiais: Inovação na Saúde Escolar

Um dos projetos apresentado hoje a concurso na 17ª Edição do Prémio Boas Práticas em Saúde, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar, foi o projeto Via Verde – Necessidades de Saúde Especiais (VVNSE), desenvolvido por Sérgio Sousa, Gestor Local do Programa de Saúde Escolar da ULS de Matosinhos e que surge como uma resposta inovadora aos desafios enfrentados na gestão e acompanhamento de alunos com necessidades de saúde especiais (NSE) no contexto escolar

Projeto Utente 360”: Revolução Digital na Saúde da Madeira

O Dr. Tiago Silva, Responsável da Unidade de Sistemas de Informação e Ciência de Dados do SESARAM, apresentou o inovador Projeto Utente 360” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas , uma iniciativa da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar (APDH). Uma ideia revolucionária que visa integrar e otimizar a gestão de informações de saúde na Região Autónoma da Madeira, promovendo uma assistência médica mais eficiente e personalizada

MAIS LIDAS

Share This