Além da UE, a Gourmey também apresentou pedidos de autorização em Singapura, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos.

Este pedido ocorre quase um ano após a Aleph Farms ter submetido pedidos semelhantes aos reguladores suíços e britânicos para a venda da sua carne de bovino cultivada. Desde então, a carne cultivada tem ganhado aceitação crescente, com produtos de frango cultivado já aprovados para venda nos EUA em 2023 e em Singapura desde dezembro de 2020.

O que é a Carne Cultivada?
A carne cultivada é produzida a partir de células animais, sem a necessidade de abate. Estudos de revisão por pares indicam que este tipo de produção pode reduzir em até 92% as emissões de gases de efeito estufa, em até 94% a poluição atmosférica e pode utilizar até 66% menos água comparativamente à carne convencional. Além disso, a carne cultivada pode necessitar até 90% menos terra, complementando práticas agrícolas sustentáveis e contribuindo para a segurança alimentar ao reduzir a dependência de importações de culturas para alimentar o gado.

Outro benefício significativo é a possibilidade de produção sem antibióticos, o que ajuda a diminuir o risco de resistência antimicrobiana.

Opinião Pública e Benefícios Económicos
Uma pesquisa recente da YouGov, encomendada pelo Good Food Institute Europe, revelou que 69% dos consumidores portugueses acreditam que, após passar pelo rigoroso processo regulatório da UE, os consumidores devem decidir se querem consumir carne cultivada. Além disso, 64% dos inquiridos concordam que, se a carne cultivada for introduzida no mercado, também deverá ser produzida em Portugal, beneficiando a economia local.

O Processo Regulatório da UE
Antes de qualquer produto de carne cultivada ser comercializado na Europa, ele deve ser aprovado pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), sob o regulamento relativo a novos alimentos, reconhecido como um dos mais rigorosos do mundo. O processo de aprovação inclui uma avaliação exaustiva da segurança e do valor nutricional do produto, podendo demorar pelo menos 18 meses.

O foie gras cultivado da Gourmey será analisado sob este regulamento. O processo considera também os impactos sociais e econômicos do novo alimento, com a Comissão Europeia e os Estados-Membros desempenhando papéis cruciais na decisão final, juntamente com os peritos científicos da EFSA.

Seth Roberts, Senior Policy Manager do The Good Food Institute Europe, comentou: “É fantástico ver que foi apresentado o primeiro pedido de venda de carne cultivada na UE. Isto demonstra que a inovação alimentar pode coexistir com as nossas tradições culinárias, proporcionando aos consumidores um foie gras fabricado de uma forma que pode reduzir os impactos ambientais e as preocupações com o bem-estar dos animais, apoiar o investimento e criar empregos com futuro garantido. Os peritos podem agora começar a trabalhar, utilizando um dos processos regulamentares mais rigorosos do mundo, para avaliar a segurança e as qualidades nutricionais da carne cultivada.”

NR/PR/HN