Decorreu em Fátima de 21 a 23 de Novembro a “IIIª. Convenção Internacional de Enfermeiros”, promovida pela Ordem Profissional desta Classe, com o tema “Tempo de Respostas”.
Foi um evento científico de elevada qualidade, que contou com 2500 inscritos e participantes. O seu completo e longo programa científico contou com conferencistas da Espanha-Consejo General de Enfermeria, da Irlanda-School of Nursing and Midwifery, representante da European Federation of Nursing Associations, Suécia-Vardforbundete, Bastonários e representantes das Ordens dos Enfermeiros de Angola, Brasil, Cabo Verde e Moçambique.
Na cerimónia de abertura da convenção, esteve presente a Ministra da Saúde e o Presidente da Câmara Municipal de Ourém, bem como o Bispo de Leiria/Fátima. Nos dias seguintes estiveram as Secretárias de Estado da Saúde e da Gestão da Saúde, o Director Executivo do SNS e outras individualidades, autoridades civis, religiosas, sindicais e administradores hospitalares. A Srª. Ministra da Saúde fez um discurso muito oportuno, politicamente correcto, leal, manifestou preocupação e identificou bem as dificuldades que a Classe de Enfermagem vive, o momento do SNS e a esperança de cooperação e parceria com a Ordem e Todos os Enfermeiros. Sua Excelência o Presidente da República deixou uma mensagem gravada de muito apreço pelo evento. O Sr. Bastonário, Enf. Luís Filipe Barreira, num discurso muito bem estruturado, completo, assertivo e desafiador, deixou bem expressa a parceria permanente da Ordem dos Enfermeiros e da Classe, como ajuda na resolução dos problemas e dificuldades, sem com isso deixar de ser exigente, pragmática e reivindicativa.
Nesta Convenção falou-se e tratou-se de todos os assuntos no que, em particular, à Enfermagem diz respeito e, todos os contributos, parcerias e trabalho onde podem os Enfermeiros dar e participar nas/das decisões, nos diversos patamares e estadios, face à melhor e mais diferenciada formação que têm, numa cooperação quer no SNS, quer no Sistema de Saúde, na gestão, na gestão da saúde, na gestão política da saúde. Foram também vectores e linhas fortes de pensamento, reflexão e afirmação: A prescrição por Enfermeiros, de medicamentos, meios complementares de diagnóstico e dispositivos clínicos, facilitando o acesso à saúde e o acompanhamento de doentes crónicos; A Enfermagem como profissão de desgaste rápido, “marcada pela exigência física, emocional e mental”; A implementação do Internato da Especialidade; O acompanhamento em consulta e internamento de grávidas de baixo risco; A emigração de Enfermeiros bem formados, que fazem falta a Portugal tendo afirmado o Sr. Bastonário, como sendo um “embaraço nacional”. Para Portugal poderá ser um novo paradigma, mas a sustentabilidade do SNS e também do Sistema de Saúde, passará por estas dimensões do cuidar e tratar, com excelência e qualidade, com novas responsabilidades dos Enfermeiros.
O Sistema de Saúde no seu todo e o SNS em particular, precisam de recentrar a sua visão, o seu “pensamento”, as suas prioridades e as áreas de intervenção, deixando uma visão “hospitalocêntrica”, passando para uma visão mais comunitária, mais focada nos Cuidados de Saúde Primários (CSP), financiando-se pela prevenção e promoção da Saúde e não, por episódios de doença, consultas e cirurgias, sabendo-se apoiar mais na transdisciplinariedade e menos na multidisplinariedade, percebendo-se bem os dois mundos da gestão: gestão de serviços e gestão de cuidados, promovendo-se gestões empoderadas, porque os recursos são escassos, mas as necessidades são maiores, face ao aumento da esperança de vida e às comorbilidades associadas aos Cidadãos e faixas etárias mais elevadas.
A Inteligência Artificial (IA) esteve muito presente em diversos painéis, reflectindo-se sobre o que já se faz, o que pode fazer-se e a importância de utilizar este “pensamento e tecnologia” em diversas amplitudes, não só ao serviço da Enfermagem, mas ao serviço da medicina e da Saúde, gerando algoritmos que nos possam auxiliar na prevenção e promoção da saúde, na adopção de hábitos de vida saudáveis, no tratamento da doença e na recuperação e reinserção dos doentes crónicos ou então curados, na vida activa, Família ou Comunidade.
O INEM e as Urgências, foram abordados como temas actuais e preocupantes no SNS e, o Professor Abel Paiva caracterizou muito bem este momento, com uma frase lapidar: “…quando não se definem prioridades, o SU passa a ser a prioridade”…
Hoje, o poder político já não pode ignorar ou deixar de perceber o que é a Enfermagem, a sua grandeza e o impacto na sustentabilidade do SNS e no Sistema de Saúde. E se assim não fosse, não estariam tantos membros do Governo, em tantos dias seguidos, num evento de Enfermagem.
Foi unânime o Poder Político presente, entre Ministra da Saúde, Secretárias de Estado, Director Executivo do SNS, Administradores Hospitalares e Deputados, assumirem o reconhecimento da importância dos Enfermeiros na gestão e governação da Saúde, comprometendo-se com melhorias das condições de trabalho, valorização das remunerações, carreiras e os vínculos contratuais. Em Janeiro inicia-se a negociação para o “Acordo Colectivo de Trabalho”. Os diagnósticos estão todos feitos, as conclusões estão tiradas e são bem conhecidas, desde relatórios nacionais, da Europa ou da OCDE. É tempo por isso de decisão e acção e o momento é mesmo este: “Tempo de Respostas”, porque a “Saúde avança com a Força dos Enfermeiros”.
0 Comments