Num país em estado de emergência e com um recolher obrigatório desde domingo, cada uma das comunidades autónomas espanholas, que têm autonomia em matéria de saúde, toma as suas medidas para combater o agravar da pandemia de Covid-19.
“Este é um cenário que está em cima da mesa, uma vez que é durante os fins de semana que há mais interação social”, disse hoje a porta-voz do governo regional da Catalunha na rádio pública catalã.
Meritxell Budo acrescentou que, o executivo regional deve “evitar o confinamento total, como em março, a menos que se torne absolutamente necessário e seja a única opção”, sendo assim um dos cenários o confinamento em casa da população catalã.
A região vizinha de Aragão, com uma população de 1,3 milhões de pessoas, anunciou também hoje que estará parcialmente fechada a partir de terça-feira.
A entrada ou saída do seu território só será permitida por razões “justificadas” (como ir trabalhar ou procurar tratamento médico), anunciou o Governo regional na rede social Twitter.
Na parte noroeste do país, a região das Astúrias vai decidir hoje à tarde se vai adotar uma medida semelhante.
Já está em vigor um encerramento (confinamento) nas regiões de Navarra e La Rioja (norte), mas também em muitas cidades como Saragoça, em Aragão, e Salamanca, em Castela e Leão.
A Espanha foi o primeiro país europeu a ultrapassar o milhão de casos de Covid-19 na semana passada e declarou o estado de emergência sanitária no domingo com a imposição de um recolher obrigatório durante a noite em todo o país, exceto nas Ilhas Canárias.
O Governo central excluiu, por enquanto, o confinamento em casa, como fez em março, abril e maio, numa altura em que essa medida foi recentemente imposta mais uma vez em Israel, Irlanda e País de Gales para conter a epidemia.
Em Espanha, cada uma das suas 17 regiões e cidades autónomas são responsáveis em matéria de saúde, mas o Governo central pode aprovar medidas gerais como o recolher obrigatório noturno imposto no domingo.
A medida estabelece o recolher obrigatório, menos nas Canárias, das 23:00 às 06:00, podendo cada uma das comunidades autónomas adiantar ou atrasar a medida em uma hora.
O estado de emergência também outorga a cada uma das regiões espanholas os instrumentos jurídicos necessários para decidir medidas como o confinamento de zonas do seu território, municípios ou mesmo toda a comunidade autónoma.
Na Comunidade de Madrid, por exemplo, o executivo regional proíbe qualquer deslocação desnecessária entre as 00.00 e as 06:00, horário em que a população deve ficar confinada ao nível do seu agregado familiar.
Ao contrário da Catalunha, que encerrou totalmente a restauração, em Madrid este setor pode agora estar aberto até à meia-noite, uma hora mais do que anteriormente.
Na comunidade autónoma da capital de Espanha há ainda 32 “zonas sanitárias básicas”, com uma taxa de incidência acumulada superior a 500 positivos, onde a população apenas pode sair para ir trabalhar, à escola ou tratar de assuntos essenciais.
O Governo socialista de Pedro Sánchez vai tentar nos próximos dias que o Parlamento aprove o alargamento do estado de emergência para seis meses, até 09 de maio do próximo ano, para que a medida não tenha que ser discutida e aprovada de duas em duas semanas pelo parlamento.
Sánchez está convencido que já tem os apoios necessários, mas hoje, pelo menos o Partido Popular (direita) e o Cidadãos (direita liberal) já manifestaram que apenas irão apoiar a medida se o período de tempo em que o Governo preste contas ao parlamento for mais reduzido (oito semanas no caso do PP).
A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 2.343 em Portugal.
Na Europa, o maior número de vítimas mortais regista-se no Reino Unido (44.896 mortos, mais de 873 mil casos), seguindo-se Itália (37.338 mortos, mais de 525 mil casos), França (34.761 mortos, mais de um 1,1 milhões de casos) e Espanha (34.521 mortos, mais de 1,046 milhões de casos).
LUSA/HN
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