Seis membros da Direção do Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) apresentaram demissão coletiva, num comunicado datado de 27 de janeiro de 2025, acusando a atual liderança de desviar o organismo de sua missão representativa para interesses político-partidários. Os signatários — Dobrila Nikolić, Guida da Ponte, Luís Cadinha, Mário Jorge Neves, Sofia Neves e Zita Gameiro — enumeraram 16 pontos críticos que justificam a ruptura, destacando a “destruição” de normas democráticas internas.
Nos últimos três anos, segundo o documento, práticas como a elaboração de atas, a divulgação de documentos ministeriais e a discussão coletiva de contrapropostas foram abandonadas. Decisões passaram a ser tomadas por um “restrito número de dirigentes”, com opiniões divergentes marginalizadas e alvo de “campanhas de hostilização”. A intervenção do sindicato, afirmam, deixou de priorizar os interesses dos médicos, subjugando-se a “estruturas partidárias”, com recursos financeiros direcionados para figuras ligadas a essas agendas.
Um dos episódios mais graves citados é a tentativa de implementar o voto eletrónico exclusivo sem aprovação estatutária. Apesar de uma Assembleia Geral não ter alcançado quórum para deliberar, alterações foram enviadas ao Ministério do Trabalho, num ato classificado como “golpe anti-estatutário”. O processo, detetado como ilegal, seguiu para o Ministério Público.
Criticam ainda a estratégia “maximalista” da Federação Nacional dos Médicos (FNAM) — da qual o SMZS faz parte —, que teria banalizado greves sem resultados negociais e recusado diálogo com o anterior governo, apenas para depois exigir a aplicação de um acordo considerado “mau” aos associados. Esta incoerência, alegam, revela dependência de “agendas externas”.
Os demissionários exigem eleições urgentes no SMZS, colocando aos associados a escolha entre “redinamizar a atividade sindical” ou “constituir uma comissão liquidatária”. Alertam que o isolacionismo e a fragmentação da unidade médica facilitam políticas governamentais contra o SNS e a classe. A demissão coletiva reflete o clima de crise num sindicato outrora marcado pelo pluralismo, agora acusado de trair os princípios que o fundaram.
PR/HN/MM
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