Farmacêuticos reagem a críticas sobre intervenção em situações clínicas ligeiras

27 de Fevereiro 2025

A Associação Portuguesa de Farmacêuticos para a Comunidade (APFPC) manifesta surpresa face às declarações do Bastonário da Ordem dos Médicos sobre a intervenção farmacêutica em situações clínicas ligeiras.

A Associação Portuguesa de Farmacêuticos para a Comunidade (APFPC) emitiu um comunicado expressando surpresa face às recentes declarações do Bastonário da Ordem dos Médicos relativamente ao anúncio de um despacho sobre a futura intervenção dos farmacêuticos em situações clínicas ligeiras. Este anúncio foi feito pela Secretária de Estado da Saúde, Ana Povo.

A APFPC destaca que este tipo de serviço já é uma realidade em vários países, como Suíça, Reino Unido, Canadá e Austrália. A associação refere que diversos estudos e relatórios têm demonstrado as vantagens desta prática, tanto em termos de ganhos de saúde e comodidade para os utentes, como em benefícios económicos diretos e indiretos.

Em 2022, a APFPC desenvolveu o projeto “Intervenção Farmacêutica em Situações Clínicas Ligeiras”, que incluiu a elaboração de protocolos de atuação baseados em evidências científicas recentes. Este projeto foi reconhecido com o Prémio Tecnigen Farmácias Comunitárias.

A associação esclarece que o despacho em questão e os protocolos de atuação subsequentes resultariam de uma colaboração entre médicos e farmacêuticos, visando definir de forma clara e inequívoca todo o procedimento. Esta abordagem, segundo a APFPC, não coloca em risco nem levanta dúvidas sobre o papel do farmacêutico no atendimento de situações clínicas ligeiras.

O comunicado sublinha que as situações clínicas ligeiras são, por definição, condições não complicadas, frequentemente autolimitadas, que podem ser diagnosticadas e geridas pelo próprio indivíduo, com ou sem o apoio de um profissional de saúde. A APFPC enfatiza que não se trata de situações complexas que exijam diagnósticos diferenciais ou tratamentos elaborados.

A associação defende as competências técnico-científicas dos farmacêuticos, afirmando que são os especialistas do medicamento e os responsáveis pela sua utilização segura, eficaz e racional. A APFPC apela a um foco no doente e a um trabalho conjunto e colaborativo entre todos os profissionais de saúde, visando alcançar maior eficiência e melhores resultados em saúde, num sistema que se pretende funcional e sustentável.

A APFPC reafirma o seu compromisso em apoiar e implementar este tipo de intervenção farmacêutica, com o objetivo principal de beneficiar o doente e proporcionar uma resolução rápida e eficaz da sua situação clínica. A associação acredita que o trabalho conjunto entre os diferentes intervenientes na jornada de saúde do doente resultará numa melhor qualidade e eficiência de todo o sistema de saúde.

PR/HN/MM

3 Comments

  1. Alexandre Zacarias Pereira Marques Cabaço

    A Ordem dos Médicos e os Sindicatos Médicos devem reinvidicar a possibilidade de vender medicamentos.

  2. Senso comum

    O Alexandre Zacarias Pereira Marques Cabaço também devia reivindicar a possibilidade de ganhar senso comum.

  3. Adriano Martinho

    E o Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos tem alguma coisa a dizer sobre o assunto?
    Da Ordem dos Médicos sabemos que sempre foi seu desígnio a defesa da saúde dos portugueses, por isso sempre lutaram contra o número clausus na entrada dos cursos de medicina.
    Compreendemos, por isso, a necessidade de médicos reformados continuarem a exercer a profissão no SNS, mas não o fazem gratuitamente.

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