ACNUR alerta: 2025 pode atingir 140 milhões de deslocados forçados

7 de Maio 2025

O ACNUR prevê que o número de pessoas deslocadas à força atinja 140 milhões em 2025, impulsionado por conflitos, perseguições e desastres climáticos. O subfinanciamento ameaça respostas humanitárias e direitos fundamentais.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) celebra em 2025 o seu 75.º aniversário, num contexto marcado por desafios humanitários crescentes e crises de deslocamento forçado sem precedentes. Fundada em 1950, a agência já ajudou mais de 110 milhões de pessoas a recomeçar as suas vidas, sendo atualmente responsável por proteger e apoiar cerca de 123 milhões de refugiados, deslocados internos, apátridas e requerentes de asilo em mais de 135 países. O ACNUR conta com mais de 17.320 colaboradores e foi distinguido com dois Prémios Nobel da Paz, em 1954 e 1981, pelo seu trabalho pioneiro e assistência global1.

Em Portugal, a resposta à crise humanitária global é reforçada pela “Portugal com ACNUR”, parceira nacional do ACNUR desde 2021. Esta organização tem como missão sensibilizar a sociedade portuguesa para a situação dos refugiados e mobilizar recursos financeiros para apoiar programas internacionais de assistência humanitária. As áreas de intervenção incluem nutrição, cuidados médicos, água potável, saneamento, educação, abrigo, infraestruturas básicas, assistência jurídica e proteção internacional. A “Portugal com ACNUR” desenvolve campanhas de angariação de donativos junto do público e do setor empresarial, promovendo ainda iniciativas de responsabilidade social corporativa1.

O trabalho da “Portugal com ACNUR” centra-se na sensibilização, educação e consciencialização da população, envolvendo escolas, autarquias e universidades para dar a conhecer factos, histórias e a importância do trabalho do ACNUR a nível mundial. Esta abordagem pretende criar empatia e promover o respeito pelos direitos humanos, num momento em que, a cada minuto, mais de 30 pessoas são forçadas a fugir das suas casas devido a violência, perseguição ou catástrofes naturais1.

O ACNUR atua em três fases principais: resposta imediata a emergências, salvaguarda dos direitos humanos fundamentais e desenvolvimento de soluções duradouras. Em situações de crise, a agência consegue mobilizar equipas de resposta de emergência em 72 horas, fornecendo abrigo, alimentação, água e assistência médica. Posteriormente, trabalha para garantir a segurança e integração dos refugiados, seja no regresso aos seus países de origem, na integração nos países de acolhimento ou através de reinstalação noutros países1.

As principais emergências atuais incluem a guerra na Ucrânia, que desde 2022 provocou o maior movimento de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial, com mais de 15 milhões de pessoas deslocadas; o conflito prolongado na Síria, que resultou em mais de 13 milhões de deslocados; a crise humanitária no Afeganistão, com milhões de pessoas em situação de pobreza extrema; e a crise na Venezuela, de onde cerca de 7,9 milhões de pessoas já fugiram devido à deterioração das condições económicas e políticas. O Sudão do Sul, o Iémen e Moçambique enfrentam igualmente situações críticas, agravadas por conflitos armados e desastres naturais.

A crise climática é outro fator determinante, com três quartos dos deslocados a viverem em países fortemente afetados por fenómenos extremos. Nos últimos dez anos, desastres relacionados com o clima provocaram cerca de 220 milhões de deslocamentos internos em todo o mundo, agravando a insegurança alimentar, a falta de acesso à educação e aos serviços de saúde.

Em Portugal, a “Portugal com ACNUR” não presta apoio direto a refugiados, mas apoia tecnicamente as entidades responsáveis pela sua proteção e integração, além de promover campanhas de sensibilização e angariação de fundos. Dos fundos angariados, 85% são canalizados diretamente para operações do ACNUR no terreno, 7% para programas globais e 8% para a estrutura central da agência, garantindo transparência e eficiência na aplicação dos recursos.

O ACNUR apela ao reforço do apoio da sociedade civil, empresas e entidades públicas para fazer face ao aumento das necessidades humanitárias globais, defendendo uma resposta coordenada e solidária para proteger e reconstruir a vida de milhões de pessoas forçadas a fugir.

NR/HN/MM

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Cleptomania

Alberto Lopes – neuropsicólogo/hipnoterapeuta

“Se tocam numa mulher, respondemos todas”

Contra a misoginia organizada ‘online’, o neomachismo e toda a violência sobre as mulheres, elas recusam o silêncio, usam as redes sociais para expor agressores e formaram um exército de resistência feminina: “Se tocam numa, respondemos todas”.

Pipeta Revolucionária Ativa Neurónios Individuais com Precisão Iónica

Investigadores da Universidade de Linköping desenvolveram uma pipeta inovadora que ativa neurónios individuais através da libertação precisa de iões, sem perturbar o ambiente extracelular. A técnica revelou dinâmicas complexas entre neurónios e astrócitos, abrindo portas a tratamentos de precisão para doenças como a epilepsia.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights