Num comunicado assinado pela presidente, Maria João Rodrigues, a representante dos comerciantes deixa “o apelo público e ordeiro para que se revejam” as últimas medidas impostas, que encara “com profunda preocupação”.
“Não existimos para incentivar a revolta, esse não é o nosso propósito, mas existimos para dar voz aos nossos associados e, face a esta responsabilidade, temos de dizer claramente que as medidas representam a morte acelerada de muitos pequenos negócios, que são o pulmão da nossa economia, são o coração da estabilidade social do nosso território”, sustenta.
A ACISB sublinha que “os estabelecimentos de diversão noturna, bares e discotecas, estão em morte lenta, as empresas que se dedicam a eventos ou morreram ou estão a morrer lentamente” e, com as medidas agora em vigor, alerta para a “morte anunciada de restaurantes e estabelecimentos de bebidas, mas também de outros setores do comércio que já caminham moribundos”.
As novas regras, sobretudo o recolher obrigatório ao fim de semana a partir das 13:00, são consideradas pela associação “um absurdo” porque, “para além de fechar os estabelecimentos comerciais nos únicos dias em que havia algum negócio, vai levar a uma concentração exagerada de pessoas, nomeadamente, nos supermercados e locais de venda de produtos de primeira necessidade e a um consequente aumento risco de contaminação”.
“O Estado somos nós, o Estado é suportado pelos nossos impostos, dos cidadãos individuais e das empresas, não podemos permitir que o Estado que alimentamos seja o mesmo que nos retira a comida da mesa”, acrescenta.
A associação alerta que os comerciantes locais “estão a entrar em desespero, são muitas vidas em jogo, muitas famílias que se sentem abandonadas”.
A ACISB critica também as ajudas anunciadas pelo Governo, que considera “desajustadas e insuficientes” e “desenhadas quase sempre por quem tem o ordenado garantido ao final do mês, haja ou não circulação de pessoas nas ruas e consumo nos mercados”.
A representante do comércio considera ainda “injusto e incoerente” que se peça aos empresários para “fechar nos poucos momentos em que há possibilidade de negócio” depois de terem acatado as medidas impostas pelo Governo de adaptação às regras sanitárias da pandemia Covid-19.
Em vez das restrições agora impostas, a ACISB defende “uma maior fiscalização, por parte das entidades competentes, e que efetivamente se puna quem não cumpre, cidadãos individuais e empresários” e “um alargamento de horários, para evitar concentração de pessoas”.
Reclama ainda que “se olhe com realismo para cada setor de atividade e que se adotem medidas coerentes, que se apoie quem precisa desse apoio”, argumentando que “fica mais barato ao Estado apoiar o setor privado para evitar despedimentos”.
A ACISB ressalva que “compreende a necessidade de travar a pandemia, de adotar medidas duras para quebrar as cadeias de contaminação e controlar este vírus, mas não pode concordar que se adotem medidas tão nefastas para os comerciantes e prestadores de serviços, sem que comprovadamente se saiba da sua eficácia”.
A pandemia de Covid-19 já provocou mais de um milhão e 250 mil mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 2.896 em Portugal.
Portugal entrou hoje em estado de emergência, desde as 00:00 até 23 de novembro, para combater a pandemia de Covid-19.
A circulação estará limitada nos próximos dois fins de semana entre as 13:00 de sábado e as 05:00 de domingo e as 13:00 de domingo e as 05:00 de segunda-feira nos 121 concelhos de maior risco de contágio.
O Governo decretou também o recolher obrigatório entre as 23:00 e as 05:00 nos dias de semana, a partir de segunda-feira e até 23 de novembro, nos 121 municípios mais afetados pela pandemia.
LUSA/HN
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