Mike Pompeo alegou que há universidades nos Estados Unidos que se recusam a abordar as preocupações do governo de Donald Trump sobre as tentativas da China de influenciar estudantes e académicos, e identificou pelo nome dois administradores universitários.
O secretário de Estado referiu o presidente do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, por se ter recusado a permitir que Pompeo fizesse um discurso naquela instituição de ensino, e um alto quadro da Universidade de Washington, devido a um caso que envolveu uma estudante chinesa.
Ambas as universidades negaram prontamente as acusações.
Pompeo defendeu a postura dura do Governo de Donald Trump em relação à China em comentários no Instituto de Tecnologia da Geórgia, numa altura em que a Administração toma várias medidas contra o país asiático, visando consolidar a sua agenda antes da transição de poder, no próximo mês.
“Os norte-americanos devem saber como o Partido Comunista Chinês está a envenenar o nosso ensino superior para benefício dos seus próprios fins, e como estas ações degradam as nossas liberdades e a nossa segurança nacional”, apontou.
“Se não nos ensinarmos a nós próprios, seremos educados por Pequim”, disse.
Pompeo apontou que as “tendências esquerdistas” e o “antiamericanismo” que prevalecem nos campus universitários tornam as instituições de ensino superior dos Estados Unidos públicos-alvo fáceis para as “mensagens antiamericanas” do Partido Comunista Chinês.
Pompeo tem sido um defensor da postura dura da Casa Branca nas questões de Taiwan, Tibete, Hong Kong, a região de Xinjiang e o mar do Sul da China.
O secretário de Estado impôs várias sanções às autoridades chinesas, incluindo a restrição da emissão de vistos para diplomatas, jornalistas e académicos chineses, e pressionou outros países a rejeitarem o grupo chinês de telecomunicações Huawei.
Desta vez, os seus comentários foram mais longe, ao apontar funcionários de universidades norte-americanas como cúmplices das supostas operações de influência de Pequim.
Pompeo disse que inicialmente queria fazer o seu discurso no MIT, mas que o presidente da prestigiada instituição científica, Rafael Reif, recusou, por medo de ofender Pequim.
“O MIT não estava interessado em que eu fizesse este discurso no seu campus”, disse Pompeo.
“O presidente Rafael Reif deixou implícito que os meus argumentos poderiam insultar os seus alunos e professores de etnia chinesa”, acusou.
A porta-voz do MIT, Kimberly Allen, rejeitou a afirmação de Pompeo. A universidade recusou-se a hospedar o discurso por causa das medidas de contenção do novo coronavírus, justificou.
Allen explicou que vários outros eventos de alto nível também foram rejeitados.
“O presidente Reif comunicou verbalmente a decisão do MIT, com base no compromisso com a saúde dos nossos alunos e da comunidade circundante, com profundo pesar”, alegou.
Pompeo também criticou Sarah Castro, diretora de relações federais da Universidade de Washington, por supostamente ter recusado apoiar Vera Zhou, uma estudante de origem chinesa que foi detida na China, em 2017, visando proteger o “negócio multimilionário” entre a universidade e Pequim.
“Graças a Deus, Vera foi agora finalmente libertada e voltou para os EUA”, disse Pompeo sobre a estudante. “Mas não graças à Universidade de Washington ou ao seu acordo com a China”.
O porta-voz da universidade, Victor Balta, classificou os comentários de Pompeo como um desvio “vergonhoso” e “ultrajante”, por um governo que não tomou nenhuma ação efetiva em relação ao caso de Zhou.
“Que o secretário de Estado pense que uma universidade tem mais poder nesta situação do que o governo dos Estados Unidos é bizarro”, apontou. “O fato de ele destacar um membro da nossa equipa pelo nome é impróprio”, lembrou.
A universidade desconhece a que “negócio multimilionário” Pompeo se estava a referir e lembrou que, a partir deste trimestre, Zhou está novamente matriculada na universidade.
LUSA/HN
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